Manaus, 29 de março de 2024
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Brasil

Empresas pedem blindados até para levar carne, no Rio

Empresas pedem blindados até para levar carne, no Rio

Segurança pública no Rio está um caos (Foto: EBC)

Caminhões blindados para transportar carne, comboios de redes de supermercado para fazer entrega, escoltas armadas e trocas frequentes de roteiros são a nova rotina do transporte de carga no Rio, segundo a  Federação das Indústrias do Estado (Firjan).

Estado está sob intervenção federal

Segurança pública no Rio está um caos (Foto: EBC)

Estudo da entidade indica 10.599 ocorrências de roubo de cargas em 2017, ou um a cada 50 minutos. A alta sobre 2016 foi de 7,3%. “A situação é grave a ponto de já impedir a entrega de alguns produtos e a execução de serviços, como o dos Correios”, afirma o coordenador de Estudos Econômicos do Sistema Firjan, William Figueiredo.

Para ele, os roubos não apenas geram prejuízos a fabricantes, transportadoras e consumidores como reduzem os investimentos no Estado.

Marcelo Christiansen, presidente da Associação de Empresas de Blindagem (Abrablin), conta que a entidade se surpreendeu ao receber procura por blindagem de cabines de caminhões.

“Chegam a perguntar se pode blindar o caminhão inteiro. Mas é complexo. Um caminhão com capacidade de carregar 20 toneladas perderia 8 só na blindagem. Perde eficácia e encarece o frete.”

A Brinks, maior transportadora de valores do país, já foi sondada para transportar carnes e outros alimentos, cigarros e pneus, diz Roberto Martins, diretor da Brinks Global Services. “São produtos visados pelos assaltantes, e medidas de segurança tradicionalmente usadas, como escolta e iscas de rastreamento, não têm sido suficientes”, diz ele.

A Brinks, porém, não faz o transporte dessas mercadorias. “Somos um remédio muito forte para a doença deles. É preciso achar soluções intermediárias.”

Se fosse encher um caminhão com carne, por exemplo, a empresa transportaria um valor de cerca de R$ 700 mil, muito abaixo dos até R$ 15 milhões que levaria em eletrônicos ou medicamentos.

Seguro

Algumas seguradoras deixaram de cobrir o transporte de produtos como cigarros, brinquedos ou armas, porque o cálculo do risco extrapolou níveis praticáveis no mercado. Desde novembro, a Federação Nacional de Seguros Gerais deixou de se manifestar sobre o assunto.

Já as transportadoras investem hoje até 14% de seu faturamento bruto em gerenciamento de risco, equipamentos e seguros, segundo Tayguara Helou, presidente do Sindicato das Transportadoras em São Paulo (Setcesp). Há cinco anos, o investimento era metade, segundo a entidade.

Eduardo Rebuzzi, presidente da Federação de Transportadores do Rio de Janeiro (Fetranscarga), diz que nos últimos anos ampliou-se o foco dos ladrões de carga.

Itens como frango, leite, chocolate e refrigerante se tornaram visados. “Frango é uma mercadoria muito barata, que não faz seguro, mas está sendo roubado porque pode ser imediatamente revendido no pequeno comércio.”

“Para as empresas que distribuem em todo o país, esse prejuízo se diluiu. Mas, para as regionais, está difícil. Algumas tiveram de parar de operar”, diz ele.