Manaus, 24 de abril de 2024
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Manaus, 24 de abril de 2024

Cidades

Especialista em segurança pública aponta fatores do aumento da criminalidade

Para o especialista, o crime organizado é caracterizado de tal forma devido a três fatores: a hierarquia, a organização empresarial (que visa o lucro) e o envolvimento de agentes do Estado.

Especialista em segurança pública aponta fatores do aumento da criminalidade

(Márcio Silva/Amazonas1)

O crime organizado assola o território nacional brasileiro há décadas e vêm crescendo cada vez mais ao longo dos anos, principalmente com o advento de facções criminosas. De acordo com o especialista em segurança pública, Hilton Ferreira, essa forma de criminalidade só é caracterizada de tal forma devido a três fatores: a hierarquia, a organização empresarial (que visa o lucro) e o envolvimento de agentes do Estado.

“Ele (o crime organizado) continua muito bem organizado. Gasta-se em torno de R$5 bilhões somente na nossa fronteira (Venezuela, Colômbia e Peru). Eles têm uma política permanente, ao contrário do nosso sistema de combate (do governo), que é desorganizado”, comentou.

(Reprodução/D24AM)

O especialista afirma que prefere não citar nomes de facções, para que não haja mais divulgação e propaganda a elas, mas abriu uma exceção nesta segunda-feira, 6, durante entrevista a uma rádio local de Manaus, na qual destacou sobre estratégias de combate ao tráfico de drogas e disse que Manaus teve um quadro reduzido de 10% nos homicídios e 30% dos latrocínios em 2019.

Segundo Ferreira, a facção Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, não se contentou em ficar apenas entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, porque são próximos, e se expandiu, estando em mais de 16 estados atualmente. Junto com a facção rival, o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, está em todo o território nacional.

Por mais que seus líderes estejam presos, sejam em presídios federais ou não, as facções continuam no comando, afirma o especialista. A partir delas, consideradas as mais antigas do país, surgiram novas organizações, como a facção Família do Norte (FDN), de Manaus, e o Sindicato do Crime (SDC), do Rio Grande do Norte.

Hilton Ferreira explicou que o problema do aumento da criminalidade entre os jovens é devido a falta de continuação de programas sociais voltados à educação, que são trocados ou finalizados a cada novo governo.

“Estamos perdendo os nossos jovens de 14 aos 22 anos porque não há continuação de projetos. Onde está o projeto Bom de Bola? Fechou. Galera Nota 10? Fechou. Os projetos sociais fecham de acordo com os governos e fecham no Brasil todo. Não há um projeto sistêmico e permanente”, disse.

Luz no fim do túnel

Para o especialista, mesmo com o Estado brasileiro não se fazendo presente nas fronteiras, ainda existe esperança para a extinção do crime organizado e à criminalidade violenta. Ferreira citou a criação, em dezembro do ano passado, do Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública – Regional Norte (CIISPR-Norte), como um dos programas que podem dar certo no governo atual.

O projeto visa promover a integração da atividade de inteligência e dar agilidade no fluxo de informações entres as agências de inteligência dos sete estados da região. O CIISPR-Norte atua com coletas, análise de dados e disseminação de inteligência para tomadores de decisão dos estados da região norte.