Manaus, 18 de abril de 2024
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Manaus, 18 de abril de 2024

Cidades

Estudo aponta benefícios de terras indígenas e áreas protegidas

O estudo foi publicado em uma revista científica americana e mediu as emissões de carbono causadas pela degradação e pelo desmatamento na Amazônia

Estudo aponta benefícios de terras indígenas e áreas protegidas

Foto: Reprodução/ Ipam

Um estudo publicado nesta segunda-feira, 27, na revista científica ‘Proceendings of the National Academy of Science’, aponta que terras indígenas (TIs) e as áreas naturais protegidas (ANPs) na Amazônia são menos propensas à perda de carbono por degradação do que regiões desprotegidas. 

O estudo foi realizado para medir as emissões de carbono causadas pela degradação e pelo desmatamento – usando uma tecnologia inovadora que combina imagens de satélite com dados de campo.

Segundo o estudo, a liberação de carbono resultantes de degradação em TIs e ANPs são, em grande parte, compensadas pelo crescimento da vegetação florestal – algo que não se verifica em terras sem proteção. Contudo, mesmo que mais estável, a degradação em territórios indígenas e em áreas protegidas não havia sido detectada anteriormente e, agora, essa perda é um fato preocupante.

No artigo, os pesquisadores analisaram o impacto da degradação/perturbação em quatro categorias de terras na Amazônia: TIs, ANPs, outras terras (sem proteção) e sobreposições entre TIs e APNs. Eles descobriram que a expansão das árvores ajudou os territórios indígenas a ter uma menor perda líquida de carbono, remediando as emissões recém-detectadas – 90% do total dessas perdas são provenientes de regiões fora das áreas protegidas.

Participaram desse estudo cientistas, especialistas em política e líderes indígenas do Woods Hole Research Center (WHRC), da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA), da Rede Amazônica de Informação Socioambiental (RAISG) e do Fundo de Defesa Ambiental (EDF) e com a participação do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Proteção sob ameaça

De acordo com o cientista associado do WHRC, e primeiro autor do artigo, Wayne Walker, o trabalho mostra que as florestas sob a proteção de povos indígenas e comunidades locais continuam a ter melhores resultados no balanço de carbono do que terras sem proteção.

”O papel dessas populações é crítico e deve ser fortalecido para que os países da bacia amazônica consigam manter esse recurso globalmente importante, enquanto cumpre seus compromissos no Acordo de Paris”, disse Wayne Walker, cientista associado do WHRC e primeiro autor do artigo.

Quase 90% dos territórios indígenas têm alguma forma de reconhecimento legal, mas os pesquisadores observam que as concessões governamentais para a mineração e a extração de petróleo se sobrepõem a quase 25% de todas as terras territoriais reconhecidas na região, aumentando substancialmente a vulnerabilidade das TIs das ANPs a impactos adversos.

“A pesquisa revela o que os povos indígenas da Amazônia já estão relatando aos seus líderes”, afirmou Tuntiak Katan, um dos autores e vice-coordenador da COICA.

“Os governos estão enfraquecendo a proteção ambiental, violando os direitos às TIs existentes e incentivando a impunidade legal. A situação está colocando em risco a existência de nossos povos e territórios, que contêm as florestas mais densas em carbono do mundo”, completou.

O artigo relata que as TIs e as ANPs continuam a ser uma resistência à amplificação do desmatamento que ocorre além de suas fronteiras. Mas, ao avaliar o impacto da degradação e da perturbação nessas terras, os autores chamam atenção para a situação de risco dos povos indígenas, cujos líderes expõem crescente impunidade por parte de garimpeiros, de fazendeiros e de madeireiros ilegais.

 

(*) Com informações da assessoria