Manaus, 19 de abril de 2024
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Manaus, 19 de abril de 2024

Cidades

Após ataque a pauladas, indígena morre depois de cinco dias internado

Segundo a Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), o catequista era defensor dos índios e foi agredido por criminosos.

Após ataque a pauladas, indígena morre depois de cinco dias internado

Humberto Peixoto Lemos, de 37 anos, morreu na tarde deste sábado, 7, após passar cinco dias internado. (Foto: Arquivo pessoal)

O preconceito contra indígenas mostrou sua face mais cruel nas últimas semanas com a execução de dois índios da etnia Guajajara, no Maranhão, e com a agressão ocorrida em Manaus do indígena da etnia Tuyuca, Humberto Peixoto Lemos, de 37 anos, que foi brutalmente espancado a pauladas. A vítima morreu na tarde de sábado, 7, após passar cinco dias internado no Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio.

Segundo a Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime), o catequista era defensor dos índios e foi agredido por criminosos, atrás de uma feira no bairro Coroado, Zona Leste de Manaus.

Humberto era indígena da etnia Tuyuca, do povo Utãpinopona, filhos da Cobra de Pedra, de São Gabriel da Cachoeira, município localizado a 852 Km de Manaus. Ele trabalhava na Cáritas Arquidiocesana de Manaus, como assessor da Pastoral Indigenista da Arquidiocese de Manaus (Piama).

Além de ser membro da Copime, ele representava os povos indígenas como conselheiro suplente no Conselho Municipal de Manaus (CMS/MAO) e era catequista.

O homem trabalhou também como assessor da Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (AMARN).

De acordo com a integrante da Copime, Marcivana Satere Mawé, de 48 anos, na segunda-feira, 2, às 15h, o catequista foi agredido no momento em que retornava para casa. Segundo ela, a vítima foi “brutalmente agredida a pauladas” por um grupo de homens.

Humberto morava em Manaus desde 2012 e era totalmente envolvido nas causas indígenas. “A forma brutal como se deu a morte, através do espancamento, demonstra hoje um ódio que está sendo propagado contra os indígenas em todo o Brasil. A forma como o Humberto foi morto mostra isso claramente”, disse.

Quando chegou para morar em Manaus, Humberto teve grande empenho na estruturação da AMARN. E foi nesse local que conheceu a esposa, com quem teve uma filha, atualmente com cinco anos.

Despedida

A motivação do crime ainda é investigada e causa indignação para os colegas. Para todos os demais indígenas, Humberto era visto como uma pessoa do bem.

“A gente se considera como família, uma família que quer o bem dos colegas. Daqui de dentro da AMARN que ele engajou essas experiências de ser militante dentro de movimentos sociais. Estamos em uma luta de incidência política, de construção de políticas públicas para os povos indígenas que vivem em Manaus”, contou.

(*) com informações do G1