Manaus, 19 de abril de 2024
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Manaus, 19 de abril de 2024

Cidades

‘É melhor entregar a chave da Suframa ao Paulo Guedes’, diz Serafim Corrêa

A criação de uma zona franca no estado vizinho Pará, nos mesmos moldes da existente em Manaus, pode causar o fim da competitividade da ZFM

‘É melhor entregar a chave da Suframa ao Paulo Guedes’, diz Serafim Corrêa

Foto: Divulgação

A notícia que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se comprometeu com o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB-PA), para a criação de uma zona franca da Ilha de Marajó caiu como uma bomba no Amazonas e causou a reação imediata do empresariado e dos parlamentares do estado.

Na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) fez críticas aos parlamentares amazonenses que defendem a ampliação dos limites da ZFM.

“Já expliquei 200 vezes porque isso [ampliação da ZFM] é inviável. E uma das razões é que isso despertaria outros estados que também são pobres e que também querem uma Zona Franca. O resultado é que esses parlamentes, e tem alguns que ainda estão com mandatos, ontem, 3, tiveram uma resposta do presidente (Bolsonaro)”, criticou Serafim.

 

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Sobre a promessa de criar a zona franca na Ilha de Marajó, Serafim disse que estão conseguindo criar um forte concorrente.

“Eles estão conseguindo criar um concorrente, e o concorrente que está numa travessia de balsa à beira de uma estrada, que tem saída para o mar. Será que eles têm ideia da besteira que fizeram? Da estupidez que eles fizeram? Então, espero que o bom senso prevaleça e que isso não venha a acontecer, porque se vier a acontecer é melhor pegar a chave da Suframa e entregar para o ministro Paulo Guedes”, lamentou o deputado.

 

Bancada Federal

 

Em Brasília a bancada do Amazonas ligou o sinal de alerta e os parlamentares se mostraram bastante incomodados com o assunto.

“Me recuso a acreditar em tamanha incoerência. Enquanto cala diante dos constantes ataques à ZFM, incentiva a criação de uma outra zona franca. De qualquer forma, estamos atentos”, disse o senador Plínio Valério.

Para o deputado José Ricardo (PT), a criação da zona franca em Marajó é algo muito difícil de acontecer, porque vai contra a política anti-incentivos do governo.

“O governo federal faz uma política anti-incentivos fiscais contra a ZFM, e por que com Marajó seria diferente? O ministro Paulo Guedes falou por diversas vezes que vai rever toda política de incentivos do Brasil, e isso vem afetando para tanto a ZFM. Por isso, eu não acredito que vão criar esse mesmo modelo econômico lá”, avaliou Ricardo.

Para o parlamentar, no máximo, o governo federal pode criar uma área de livre comércio.

“No máximo, podem pensar em criar uma área de livre comércio, como existe em várias cidades do Norte. Mas uma zona franca industrial nos mesmos moldes de Manaus é muito difícil, não acredito. Isso é o costume de Bolsonaro, fala qualquer besteira para agradar e sem nenhuma base, sem nenhuma consistência, sem nenhum estudo, sem nenhuma uma avaliação e sem estar dentro de algum projeto de desenvolvimento”, afirmou.

O deputado petista ainda disse que o governo federal não tem projeto para desenvolver verdadeiramente a região Norte.

“Mas nós temos que continuar lutando pela Zona Franca de Manaus que o presidente está ameaçando todos os dias com as medidas de redução de alíquota, inviabilizando setores da economia”, defendeu.

 

Sem efeito 

O deputado federal Marcelo Ramos (PL) disse à reportagem que também não vê nenhuma chance do ministro Paulo Guedes apoiar a criação da nova zona franca.

“Não vejo nenhuma chance do ministro Paulo Guedes apoiar a criação de uma nova zona franca. Seria completamente contra a política econômica dele. Além do mais, séria muito difícil uma proposta dessa passar na Câmara. Portanto, considero mais uma palavra do presidente pra agradar setores do Pará do que um compromisso efetivo”, avaliou Ramos.

 

Luta desigual

 

“A Amazônia já tem uma zona franca consolidada. O Brasil não comporta uma outra. Seria uma luta desigual para nós. Perderíamos competitividade rapidamente. O custo da saída pelo Pará é muito mais barato no escoamento da produção do que pelo Amazonas. Isso é de conhecimento de todos”, disse o senador Omar Aziz (PSD).

 

Defensores de Bolsonaro não se preocupam

 

O deputado federal Delegado Pablo Oliva (PSL) acredita que, num primeiro momento, não há com o que se preocupar.

“Existem várias Zonas de Livre Comércio no Brasil. Não acredito que isso seja algo para se preocupar, num primeiro momento”, disse Oliva.