Manaus, 19 de abril de 2024
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Artigos & Opinião

Quem tem fome tem pressa

Quem tem fome tem pressa

O fantasma da fome volta a assombrar o Brasil. A pandemia do novo coronavírus, que já causou mais de 138 mil mortes no Brasil e uma crise socioeconômica sem precedentes, fez com que a ameaça da insegurança alimentar dos últimos anos se tornasse realidade para as populações mais pobres do país. Segundo o IBGE, em 2018, 4,6% dos domicílios brasileiros sofriam com a falta do que comer.

São mais de 10 milhões de brasileiros em situação de miserabilidade, sem condições de se alimentarem adequadamente. A situação é mais grave no Nordeste onde 50,3% e no Norte, onde 57% da população vivem em insegurança alimentar. A aprovação de um programa de Renda Mínima saiu da condição de necessária à urgentíssima no Brasil.

O salto do país no Mapa da Fome foi de 14 pontos em quatro anos, aponta a mesma pesquisa. Durante os anos de 2017 a 2018, 36,7% dos domicílios tinham algum nível de insegurança alimentar.

Em números, a fome afeta cerca de 85 milhões de brasileiros. Destes, 56 milhões estão em domicílios onde há insegurança alimentar leve, onde há preocupação com o acesso aos alimentos no futuro e se verifica comprometimento da qualidade da alimentação. Em situação de insegurança alimentar moderada, quando há restrição alimentar, estão 18,6 milhões de brasileiros e brasileiras.

Já entre 10,3 milhões que sofrem de insegurança alimentar grave, a indisponibilidade de comida atinge também as crianças da casa, o que representa um aumento de 43,7% dos afetados. O índice de segurança alimentar também é o menor desde 2004, quando 34,9% das famílias brasileiras estavam em insegurança alimentar.

No ano passado, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) já havia alertado que o Brasil poderia voltar a ser incluído no Mapa da Fome, ou seja, na relação de países que têm mais de 5% da população ingerindo menos calorias que o recomendável. A estimativa do Banco Mundial é que cerca de 5,4 milhões de brasileiros atinjam a extrema pobreza, chegando ao total de 14,7 milhões de pessoas até o fim de 2020, ou 7% da população.

Vamos ter que fazer todo um esforço de reconstrução. Com a fome e o desemprego – 14% dos brasileiros – nas alturas, faço em apelo à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados que acelere a tramitação da PEC 200/19, que constitucionaliza o Programa Bolsa Família, e do PL 6.072/19, ambos da deputada Tábata Amaral (PDT-SP). Afinal, quem tem fome, tem pressa.