Manaus, 25 de abril de 2024
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Manaus, 25 de abril de 2024

Brasil

Evangélicos fingem ser policiais para abordar viciados no DF

A cena lembra a atuação da Polícia Militar (PMDF), mas na verdade, integra um projeto polêmico batizado de 'Patrulha da Paz'

Evangélicos fingem ser policiais para abordar viciados no DF

Foto: Reprodução/Facebook

É comum, que nas primeiras horas da noite, inúmeras viaturas trafeguem em comboio para realizar operações no Sol Nascente, uma das maiores favelas do Brasil. Por ser uma das regiões mais violentas do DF, a cena lembra fortemente a atuação da Polícia Militar (PMDF), todavia, na verdade, integra um projeto polêmico batizado de Patrulha da Paz.

A organização evangélica missionária busca por dependentes químicos pelas ruas da cidade. Os alvos, que geralmente são pessoas em situação de vulnerabilidade social, são levados para clínicas de reabilitação ligadas às igrejas.

Com todo o aparato capaz de confundir a população, como rádios de comunicação e rotolights nos “camburões”, os religiosos peregrinam guetos e invasões com o objetivo de oferecer o serviço social e, consequentemente, a evangelização dos pacientes.

O método é controverso, já que o projeto mira em pessoas menos esclarecidas, que sofrem na pele a rotina da violência urbana e até mesmo os traumas de transitarem em áreas carimbadas pela alta criminalidade.

O uso de fardas semelhantes, porém não iguais às oficiais adotadas pelas forças da Segurança Pública, tende a confundir e, naturalmente, desarmar a quem recebe as investidas para o tratamento contra as drogas.

Nem mesmo dentro da própria comunidade evangélica, o formato do projeto é considerado palatável. Ao Metrópoles, o presidente do Conselho de Pastores do Distrito Federal (Copex-DF), Josimar Francisco da Silva, ligado à Igreja Assembleia de Deus, afirmou desconhecer a patrulha, mas disse discordar da metodologia a qual ele comparou como um tipo de “milícia”. Por isso, decidiu abrir uma apuração para avaliar o grupo religioso.

Josimar explica que o trabalho, tido como oficial tocado pelas igrejas evangélicas, não coage nem intimida o paciente a ser internado. Segundo ele, a abordagem habitual permite, inclusive, que o dependente químico deixe o local caso algo o desagrade na proposta de abandonar o vício.

“Isso dá um medo, Deus me livre, mas lembra algo muito paralelo à milícia. Acho que isso deve ser um grupo isolado. Essas pessoas independentes têm de responder criminalmente por elas próprias. Se estiverem agindo fora da lei, terão de responder por isso”, sentenciou.

Poder público

Fora do campo religioso, o assunto também ecoou de forma negativa dentro dos poderes públicos. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa encaminhou um pedido para que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e entidades de defesa ligadas ao tema se manifestem sobre a ação da Patrulha da Paz.

 

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(*) Com informações do Metrópoles