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Brasil

Ex-ministros e ex-presidentes do BC cobram do governo desmatamento zero

O objetivo da carta é propor uma virada na gestão ambiental para que haja uma "recuperação verde" da economia brasileira após a crise decorrente da pandemia

Ex-ministros e ex-presidentes do BC cobram do governo desmatamento zero

Brasília (13/06/2018) – O Ibama e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) de Mato Grosso, com apoio do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer-MT) e da Força Nacional, iniciaram nesta terça-feira (12/06) operação conjunta para coibir o desmatamento ilegal da Amazônia. Na primeira ação, agentes ambientais flagraram o corte raso de 160 hectares em área de Reserva Legal em Tapurah (MT) por correntão, técnica que usa dois tratores e uma corrente com elos grossos para derrubar a vegetação nativa.Na base utilizada pelos infratores foram apreendidos um caminhão, uma pá carregadeira, uma moto, uma camionete, motosserras e documentos que evidenciam a saída da madeira, além de fichas de funcionários e comprovantes de transações bancárias. A Sema estima que a ação evitou o desmatamento de outros 800 hectares.Foto: Mayke Toscano/Gcom-MT

Divulgado nesta terça-feira, 14, o documento propõe diretrizes para o alcance da chamada economia de baixo carbono, como o investimento em novas tecnologias e o aumento da cooperação internacional.
Ao todo, a carta ambiental foi assinada por 17 ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central e cobra, do governo brasileiro, ações para que o desmatamento tanto da Amazônia como do Cerrado caia para zero.

Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), na semana passada, o objetivo da carta é propor uma virada na gestão ambiental para que haja uma “recuperação verde” da economia brasileira após a crise decorrente da pandemia de covid-19.

“Nós, ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central do Brasil, defendemos que critérios de redução das emissões e do estoque de gases de efeito estufa na atmosfera, e de resiliência aos impactos da mudança do clima sejam integrados à gestão da política econômica. Esses critérios já são, e serão cada vez mais, baseados em tecnologias compatíveis com o aumento da produtividade da nossa economia, a geração de empregos e a redução da desigualdade no Brasil”, afirma a carta, elaborada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) e pelo Instituto O Mundo Que Queremos.

Os antigos membros de equipes econômicas de diversos governos – das últimas três décadas – alertam que os custos de se “descuidar” dos eventos climáticos poderão ser bem maiores que os custos da atual pandemia de covid-19. Enquanto o governo de Jair Bolsonaro sofre a pressão de investidores internacionais contra o aumento do desmatamento da Amazônia, a carta lembra que os mercados financeiros sabem precificar os riscos de longo prazo na área ambiental.

“O prejuízo do desmatamento tem levado diversos parceiros comerciais importantes e investidores estrangeiros no Brasil a expressarem veementemente seu descontentamento e preocupação, que certamente se traduzirão em menores fluxos de comércio e investimentos no País”, destaca o documento. “A crescente disciplina da precificação dos riscos ambientais, inclusive sistêmicos, deverá fortalecer o compromisso com os objetivos de governança, sociais e ambientais”, completa o texto.

Na avaliação dos economistas signatários da carta, a saída da crise pós-covid-19 oferece as oportunidades para essa guinada ambiental na economia, com investimentos públicos e privados nessa direção. Eles lembram as vantagens comparativas do Brasil na área e recomendam a eliminação de subsídios a combustíveis fósseis, a emissão criteriosa de ativos financeiros verdes, a mobilização de fontes de financiamento provado para iniciativas de mitigação e a ampliação da cooperação internacional.

Entre os signatários estão os ex-ministros da Fazenda: Luiz Carlos Bresser-Pereira (1987), Maílson da Nóbrega (1987-1990), Zélia Cardoso de Mello (1990-1991); Marcílio Marques Moreira (1991-1992); Gustavo Krause (1992), Fernando Henrique Cardoso (1993-1994, depois presidente da República entre 1995 e 2002); Rubens Ricupero (1994); Pedro Malan (1995-2003, também presidiu o BC entre 1993 e 1994); Joaquim Levy (2015); Nelson Barbosa (2015-2016); Henrique Meirelles (2016-2018, também presidiu o BC entre 2003 e 2011) e Eduardo Guardia (2018).

Entre os ex-presidentes do Banco Central que assinaram a carta estão Gustavo Loyola (1992-1993 e 1995-1997), Pérsio Arida (1995), Armínio Fraga (1999-2003), Alexandre Tombini (2011-2016) e Ilan Goldfajn (2016-2019).

(*) Com informações do Estadão