Manaus, 18 de abril de 2024
×
Manaus, 18 de abril de 2024

Brasil

‘Existe o mundo ideal e o mundo real’, diz especialista sobre liberação de praias

Nas últimas semanas, contrariando as regras estabelecidas pela prefeitura para conter a disseminação do coronavírus, banhistas têm gerado aglomerações

‘Existe o mundo ideal e o mundo real’, diz especialista sobre liberação de praias

Folhapress

Nos próximos dias, a Prefeitura do Rio de Janeiro vai lançar um aplicativo para que os frequentadores marquem horário e lugar nas areias das praias da cidade. Para o biomédico virologista do Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação (IBMR) Raphael Rangel – uma decisão como essa deveria ser tomada somente se fosse possível “testar a população em massa, o que não está sendo feito”.

Leia mais: Fadiga da quarentena leva até os defensores do isolamento a se arriscarem contra as regras

“Existe o mundo ideal e o mundo real. Parece que os governantes vivem num mundo utópico”, afirmou ele à CNN nesta terça-feira (11). Rangel destacou que uma das maiores preocupações com o uso do aplicativo é monitorar os banhistas, com relação ao distanciamento social e o uso de máscaras, por exemplo.

“Se você não consegue monitorar a sua população, como já libera praias?”, questionou ele. “O aplicativo vem para tentar solucionar uma ideia errônea de liberar praias nesse momento.”

Rangel disse que o uso de máscaras em um ambiente de muito calor, como a praia, pode levar a outros problemas, já que as pessoas podem passar mal. Para ele, o dinheiro público seria melhor utilizado se o governo comprasse mais testes, em vez de investir em um aplicativo.

“A cada 100 mil habitantes, o Rio de Janeiro faz 290 testes. É um número muito pequeno”, afirmou ele. “É uma utopia pensar que isso [aplicativo para demarcar lugar na praia] pode dar certo.”

O virologista também destacou que comparar a liberação das praias com a das academias não faz muito sentido, já que estas são de iniciativa privada. Com isso, segundo ele, se o local não conta com funcionários para fiscalizar os clientes, contrata. “Na praia, sem a areia estar liberada já tinha aglomeração. Imagina agora.”

Nas últimas semanas, contrariando as regras estabelecidas pela prefeitura para conter a disseminação do novo coronavírus, banhistas têm lotado as areias e gerado aglomerações.

Para muitos, o anúncio sobre a criação de um aplicativo para que os frequentadores marquem horário e lugar nas areias das praias da cidade é polêmico. Além da questão legal quanto à demarcação de um espaço na faixa de areia, a proposta suscita uma série de outras questões, como a viabilidade do cumprimento das recomendações sanitárias, a exemplo do uso de máscara.

O aplicativo está sendo desenvolvido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, enquanto a prefeitura mantém conversas com o governo federal sobre a medida. De acordo com o artigo 20 da Constituição, as praias são bens da União, ou seja, estão sob a responsabilidade do governo federal.

 

(*) Com informações da CNN