Manaus, 18 de abril de 2024
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Brasil

Mistério de desenhos geométricos da Amazônia começa a ser decifrado

Mistério de desenhos geométricos da Amazônia começa a ser decifrado

imagick.org.br/

 

A análise dos fitólitos indica que, assim como ocorria antes da onda moderna de desmatamento, o Acre da época da construção dos geoglifos era dominado por uma floresta característica, com grande abundância de espécies de bambu. Há cerca de 4.000 anoO mistério dos geoglifos da Amazônia pode estar chegando ao fim. As estruturas pareciam sinalizar a presença de sociedades indígenas complexas e populosas, que teriam até desmatado boa parte da floresta para construir seus monumentos, mas uma nova análise sugere que os geoglifos costumavam ter vida curta e podiam ser produzidos por grupos indígenas pequenos, segundoestudo publicado recentemente na revista científica americana PNAS, informa, neste fim de semana, o jornal Folha de S. Paulo.

Há mais de 500 desses estranhos desenhos geométricos espalhados pelo território do Acre, alguns medindo uns três quarteirões de diâmetro, todos feitos na época anterior à chegada dos europeus ao Brasil.

“O que é bacana nos geoglifos é que eles mostram duas coisas: a Amazônia foi grandemente manipulada por povos do passado; e isso se deu de formas diferentes nos diferentes lugares, de acordo com condições ecológicas específicas e com a bagagem cultural de cada povo”, resume a arqueóloga Denise Schaan, do Departamento de Antropologia da UFPA (Universidade Federal do Pará).

Denise é coautora do novo estudo, junto com pesquisadores como Alceu Ranzi, da Universidade Federal do Acre, e da britânica Jennifer Watling, da USP e da Universidade de Exeter (Reino Unido). Junto com Ranzi e outros colegas, Denise tem tentado entender o enigma dos geoglifos desde a década passada.

Com formatos como círculos, quadrados e losangos, às vezes aparentemente combinados no mesmo terreno, os geoglifos acreanos começaram a ser identificados há pouco tempo, com o avanço do desmatamento no Estado, pois antes estavam recobertos pela mata.

As trincheiras que delimitam os desenhos podem chegar a 11 metros de largura e quatro metros de profundidade. Há poucos restos de cerâmica pré-colombiana no perímetro dos desenhos, e praticamente nenhum sinal de ocupação humana de longo prazo. As datações feitas até agora sugerem que a maioria deles foi construída entre 2.000 anos e 650 anos atrás. Como ninguém parece ter morado lá dentro, a hipótese mais aceita por enquanto é que eles funcionavam como centros cerimoniais – grandes terreiros para festas e danças, por exemplo.

PLANTAS DO PASSADO

Para entender melhor o que estava acontecendo na região naquela época, os pesquisadores realizaram escavações em dois geoglifos já bem estudados, que ficam a cerca de 10 km de distância um do outro. Além disso, também cavaram o solo a diferentes distâncias (de 500 metros até 7,5 km) de um dos geoglifos, para tentar investigar o impacto da construção da estrutura nas áreas vizinhas.

Veja a reportagem

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2017/03/1869617-misterio-de-desenhos-geometricos-da-amazonia-e-decifrado.shtml