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Eleições 2018

Eleitores de Bolsonaro espalharam vídeo de palestra fake sobre ‘kit gay’

Eleitores de Bolsonaro espalharam vídeo de palestra fake sobre ‘kit gay’

O vídeo viralizou na internet nos últimos dias. (Foto: Reprodução/Amazonas1)

O cenário atual das eleições e a polarização dos discursos defendidos pelos candidatos à presidência da república, têm feito surgir diversas notícias falsas, as conhecidas ‘Fake News’. Nos últimos dias, viralizou no aplicativo WhatsApp um vídeo de uma palestra que uma mulher afirma que materiais didáticos usados em escolas da rede pública em Florianópolis e Porto Velho ensinam sobre sexo a crianças com faixa etária de 8, 9 anos. A informação foi desmentida pelas secretarias de educação dos estados de Santa Catarina e Rondônia.

O vídeo viralizou na internet nos últimos dias. (Foto: Reprodução/Amazonas1)

Um outro assunto polêmico, é o projeto ‘Escola sem Homofobia’, conhecido como ‘kit gay’, que o candidato do PSL Jair Bolsonaro, usa em sua campanha eleitoral para desmoralizar a campanha do seu oponente, Fernando Haddad (PT). O projeto foi elaborado, mas não chegou a ser distribuído e tinha o objetivo de esclarecer sobre o perigo do preconceito com a comunidade LGBT.

O Portal Amazonas1 fez uma apuração sobre os assuntos e entrou em contato com o Ministério da Educação (MEC), Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas (Sinepe-AM), Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Secretaria Municipal de Educação (Semed), Secretaria de Educação de Rondônia e de Santa Catarina, que se posicionaram sobre os temas polêmicos.

O MEC afirmou à reportagem que “não distribuiu conteúdo de cunho sexual em escolas”, mas lembrou que os estados e municípios são autônomos, conforme a Constituição Federal, e possuem liberdade de elaborar suas próprias políticas sem a necessidade de consulta ao Ministério. 

Ainda segundo esclarecimentos, o MEC chegou a elaborar uma política chamada ‘Escola sem Homofobia’, em 2007, mas “devido a repercussão negativa à época, houve decisão de descontinuar o programa sem que nenhum livro ou cartilha tivesse sido distribuído”, acrescentando ainda que a Secretaria de Educação Continuada, Diversidade e Inclusão (Secadi) promove ações formativas de combate ao preconceito e discriminação para os profissionais da educação básica.

No vídeo que circula em aplicativos de mensagens, uma palestrante afirma que em Florianópolis, uma criança estava fazendo o dever de casa e o livro didático mandava acessar um site e o site era pornô. Em um dos trechos ela afirma que outro livro continha perguntas como “o que é sexo anal, como dois homens transam, como homem e mulher fazem sexo, o que é boquete”, para crianças de nove anos. A palestrante diz ainda que uma questão de prova em Rondônia dizia: “Mônica e Cebolinha foram comprar pipoca, o Cebolinha disse: ‘eu quelo um saco de pipoca’, o pipoqueiro pergunta: ‘e a mocinha?’, e ela responde: ‘eu quero uma pica’.

Sobre as afirmações no vídeo, a Secretaria de Santa Catarina disse à reportagem que “desconhece qualquer material inadequado que tenha sido distribuído pelo MEC ” e que todo material recebido conta com uma equipe de profissionais para análise e avaliação, “jamais sendo permitido o ingresso de material nefasto ao desenvolvimento de crianças e adolescentes”.

Por sua vez, a secretária de educação de Rondônia, Elizabete Siqueira, frisou que “desconhece qualquer distribuição de livros denominados pela imprensa nacional como ‘kit gay’, nas escolas públicas da rede estadual” da cidade. Na  nota, a secretaria diz que a Lei ordinária nº 3565 de 03 de Junho de 2015, dispõe sobre a aprovação do Plano Estadual de Educação de Rondônia construído e debatido por toda sociedade civil organizada onde na Meta 07 trata de questões de gênero, “in verbis: Meta: 07- Garantir em 100% das Escolas da Educação Básica, Etapas e Modalidades, Condições de Transversalidade Para O Desenvolvimento de Práticas Pedagógicas Voltadas Para as Diversidades e Temas Transversais (Direitos Socioeducacionais)”.

Ainda segundo a secretaria, “não foi identificado no vídeo qualquer identificação da instituição que veiculou a prova e afirmou que “em relação à questão de gênero, a escola deve trabalhar orientações de cunho científicos, e as demais questões cabe a família orientar seus filhos”.

A Seduc e Semed local também afirmaram desconhecer material intitulado ‘kit gay’ e enfatizaram que seguem as determinações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), atendendo e respeitando a idade dos alunos e as séries em que estão inseridos, além do Programa Nacional do Livo e do Material Didático (PNLD), do Ministério da Educação.

O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Amazonas (Sinepe-AM) enfatizou ao Portal Amazonas1, que a “Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96), legislação que regulamenta todo o sistema educacional, tanto público quanto privado do Brasil, determina o trabalho de Educação Sexual nas Escolas como um tema transversal, conforme a faixa etária de crianças e adolescentes, sem conotação para orientação sexual, nem de discussões profundas de gênero, mas relacionando a anatomia do sexo feminino e masculino, no sentido de orientar e auxiliar na prevenção de gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, entre outros assuntos”.

Conhecimento

A reportagem fez o levantamento do assunto, e teve acesso ao caderno ‘Escola sem Homofobia’ verificando que todos os assuntos abordados pelo projeto têm a finalidade de proporcionar esclarecimentos e o respeito a diversidades que são realidades na sociedade, bem como o combate ao preconceito e a homofobia com a reafirmação da importância da cidadania e do bom convívio entre todos os indivíduos.

Veja aqui o conteúdo da cartilha

Na opinião de especialistas ouvidos pela reportagem, é importante proporcionar aos estudantes a orientação sobre educação sexual respeitando a faixa etária de cada aluno, uma vez que possibilita a criança e ao adolescente a visão e entendimento diferente do que lhe é apresentado por meio da televisão, músicas e experiências banalizadas da sexualidade e que é importante em todas as etapas da educação básica.

Vídeo envolvido na polêmica: