Manaus, 24 de abril de 2024
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Eleições 2020

Disputa por Manaus nas eleições 2020 traz quatro mulheres, mas todas como vice

Há aproximadamente 9 anos, uma mulher não disputa o cargo de chefe do Executivo Municipal

Disputa por Manaus nas eleições 2020 traz quatro mulheres, mas todas como vice

A disputa pelo poder da capital do Amazonas, em 2021, tem 11 candidatos majoritários e quatro mulheres como vice. Em 350 anos, Manaus nunca teve, em toda sua história, uma mulher como chefe do Executivo Municipal.

Leia mais em: A sina dos vices na Prefeitura de Manaus: 32 anos de uma relação de amor e ódio

Em caso de vitória, quatro mulheres podem auxiliar prefeitos na administração de Manaus. José Ricardo, candidato pelo PT, tem a assistente social e pesquisadora Markilze Siqueira (PSOL), como vice na disputa por Manaus 2020. Além dele, o ex-prefeito Alfredo Nascimento (PL) e os candidatos Marcelo Amil (PCdoB) e Gilberto Vasconcelos (PSTU) possuem mulheres como braço direito na disputa pela Prefeitura de Manaus.

Ao lado do ex-prefeito Alfredo Nascimento (PL), Conceição Sampaio (PSDB), que já tem caminhada na política amazonense, disputa a cadeira de vice-prefeita ao lado do candidato pelo Partido Liberal. A mesma cadeira está sendo disputada por Maria Auxiliadora, ao lado de Gilberto Vasconcelos pelo PSTU.

Pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o advogado Marcelo Amil terá a professora Dora Brasil como braço direito nas disputas pela Prefeitura de Manaus. Na convenção de anúncio da pré-candidatura de ambos os candidatos, a ex-senadora, vereadora e deputada federal, Vanessa Grazziotin (PCdoB) estava presente.

Não foi um candidato que ofereceu ameaça à era Arthur Neto

Aliás, o último nome de uma mulher a marcar um capítulo na história política de Manaus, fora da zona coadjuvante, foi justamente o de Vanessa Grazziotin, quando em 2012, desbancou Henrique Oliveira (PR), Serafim Corrêa (PSB), Sabino Castelo Branco (PTB) e Pauderney (DEM), no primeiro turno pela Prefeitura de Manaus. No segundo turno, Arthur Neto consolidou-se prefeito de Manaus por 65,95% dos votos válidos (603.483), contra 34,05% (311.607) de Vanessa Grazziotin (PCdoB). Essa foi a última vez que uma mulher tentaria o cargo de chefe do Executivo Municipal.

Em 2016, o tucano foi reeleito em cima de Henrique Oliveira (SD), Hissa Abrahão (PDT); José Ricardo (PT); Luiz Castro (Rede); Marcelo Ramos (PR); Professor Queiroz (Psol); Serafim Correa (PSB) e Silas Câmara (PRB).

Vozes solitárias

Para a advogada eleitoral e especialista em Direito Eleitoral, Maria Benigno, a questão vai muito além de cotas partidárias em candidaturas. Benigno explica que a Justiça, por meio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já tem criado vias para reverter o cenário majoritário político, mas, além disso, é necessário mais vozes para reverter um cenário movido e criado pelos próprios homens.

“Esse ano, o TSE decidiu que deveria, também, haver reserva de cotas para mulheres nos cargos diretivos dos partidos. E eu acho que esse é talvez um dos passos que faltam ser dados. Porque isso tira a possibilidade de mulheres se candidatarem e desistirem no meio do caminho e acabam sendo convidadas a serem vice.” Em outro trecho, a especialista explica que mesmo hoje, quando medidas e decisões estão sendo tomadas, ainda assim, são os homens que comandam e tomam decisões.

“Felizmente, já está tendo uma alteração nessa cultura de que o partido é lugar de ser passado de pai para filho. Mas, ainda são os homens que comandam, são eles que definem muitas coisas. Então, as mulheres, desde o início, não tem essa visibilidade, elas não têm condições de se mostrar, de dizer, que o partido se está pensando nessa e na outra candidatura e nisso elas ficam se colocando como vozes solitárias. No meio do caminho, partidos vão se aliando a outros e as mulheres vão sendo deixadas como coadjuvantes, reservas, auxiliares, por mais competentes que possam ser “, explica a especialista.

Por fim, a advogada esclarece que as decisões do TSE são peças fundamentais no processo de reversão de uma cena construída ao longo de anos: “Acho que a alteração que precisa ser feita no Legislativo, essa orientação foi feita pelo Tribunal Superior Eleitoral, vai ser importante para que as mulheres estejam nestes espaço de decisão, dos órgãos de direção, os órgãos que decidem quem vai ser candidato, quem vai ser a pessoa que vai ser a imagem do partido. Quando as mulheres estiverem nesse espaço, elas terão mais chances de se candidatarem sem ter a chance de desistirem ou serem vice”, finaliza a advogada eleitoral.