Manaus, 25 de abril de 2024
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Cidades

Zé Lopes recebia propina de R$ 1 milhão por mês de Moustafa

Nova fase da Operação Maus Caminhos cumpriu mandados de prisão preventiva, temporária e busca e apreensão, na manhã desta terça-feira, 30

Zé Lopes recebia propina de R$ 1 milhão por mês de Moustafa

Delegados da PF e procurador do MPF fizeram balanço (Thaise Rocha/Amazonas1)

Investigação da Polícia Federal no desdobramento da Operação Maus Caminhos, Eminência Parda, deflagrada nesta terça-feira, 30, pela manhã, revelou que o empresário José Lopes, mais conhecido no meio político como “Zé Lopes”, recebia propina de R$ 1 milhão do médico Mouhamad Moustafa, no período em que o Instituto Novos Caminhos (INC) realizou a gestão de recursos oriundos do Fundo Estadual de Saúde. O esquema teria iniciado em 2014 e durado por pelo menos, 2 anos.

Zé Lopes também é alvo de outra operação da PF, a Arquimedes e, chegou a ser preso, mas saiu da prisão 50 dias depois.

“A investigação visou apurar duas coisas: primeiro o recebimento de valores, desviados do INC, que eram recebidos pelo investigado. Foi detectado que havia um repasse, com periodicidade mensal, no valor de R$ 1.040.000, 00 em espécie. Além disso, também investigamos a utilização da empresa, por meio da qual eram desviados recursos públicos, ou seja, crime de peculato e lavagem de dinheiro”, informou o coordenador da operação, delegado Alexandre Teixeira.

Um dos pontos destacados por Teixeira foi que Lopes continuou recebendo os pagamentos, mesmo após o Governo do Amazonas decretar estado de emergência na saúde, em 2016, na gestão do então governador, José Melo.

“Logo após o Estado entrar em emergência, identificou-se mais um evento dessa entrega de R$ 1.040.000,00. Ou seja, o Estado estava quebrado e sem condições de honrar seu contrato, e ainda assim tava entregando R$ 1 milhão para esse empresário”, disse Teixeira.

Ainda segundo o delegado, José Lopes teve auxílio do cunhado, também empresário, e uma terceira mulher que atuava como assessora de Lopes. A Controladoria Geral da União (CGU) detectou os valores recebidos pela empresa por serviços não prestados ou serviços prestados com sobrepreço, e a justificativa era o contrato de fornecimento de refeição para as unidades de saúde administradas pelo Instituto Novos Caminhos.

A Operação Eminência Parda teve como alvo também a empresa G.H Macário Bentes nesta nova fase da Operação Maus Caminhos. Dois mandados de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta terça-feira, 30. 

De acordo com a PF, a empresa, que atua no fornecimento de refeições e participava da administração de hospitais e serviços médicos hospitalares no Estado, foi usada para desviar recursos federais. Com a simulação de serviços, prática de sobrepreço, entre outras fraudes, os suspeitos conseguiam pagamentos indevidos.

Veja também: PF investiga prática de peculato e lavagem de dinheiro

Empresa alvo de operação tem contrato milionário com a Seduc

Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão em Manaus, Boca do Acre e Rio Branco (AC). Além de 7 mandados de bloqueio de contas que totalizam em torno de R$ 20 milhões, valor aproximado que teria sido desviado por Lopes e sua empresa.

Contrato com a Seduc

O procurador do Ministério Público Federal (MPF), Armando Castro, reforçou que a investigação é um desdobramento da Maus Caminhos e não possui ligação com o atual contrato da empresa com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

“Só para deixar claro, embora essa empresa tenha um contrato com a Seduc, os fatos aqui não se referem a isso. Os fatos se referem ao desdobramento da Maus Caminhos e os contratos que essa empresa tinha com o instituto. A investigação vai continuar e com a conclusão, os autos serão remetidos ao MPF. Nós iremos analisar o destino que será dado a essa investigação”, esclareceu.