Manaus, 19 de abril de 2024
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Cidades

‘Esse valor não vai cobrir tudo o que perdemos’, diz vítima de incêndio

Na manhã desta segunda-feira, moradores vítimas do incêndio do Educandos, que completa um ano nesta terça, receberam suas indenizações

‘Esse valor não vai cobrir tudo o que perdemos’, diz vítima de incêndio

Aposentada, Jucirene morou em uma casa alugada o último ano (Bruno Pacheco/Amazonas1)

A manhã desta segunda-feira, 16, foi o dia de entrega de indenizações às famílias atingidas pelo incêndio no bairro Educandos, ocorrido no dia 17 de dezembro de 2018.

Quase um ano depois da tragédia, o governo do Amazonas, por meio das secretarias de Estado da Assistência Social (Seas) e de Habitação (Suhab), em parceria com a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), viabilizou os pagamentos.

Moradores vítimas do incêndio recebendo indenização nesta segunda-feira (Bruno Pacheco/Amazonas1)

Inicialmente, 152 moradores vítimas do sinistro receberão o benefício. De acordo com o Governo do Amazonas, o valor disponibilizado é de R$ 4.782.000,00, sendo que 135 moradores serão contemplados com o cheque-moradia no valor de R$ 35 mil; 15 proprietários não moradores receberão R$ 15 mil cada; e 2 inquilinos/cedidos receberão o  auxílio-moradia no valor de R$ 6 mil. 

Valores esses que, para a aposentada Jucirene Yeda da Silva, 60, moradora da região desde o nascimento, não cobrem o que foi perdido.

“Minha casa valia muito mais, tinha dois andares. Tem pessoas que tinham apenas uma kitnet e vão ganhar a mesma quantidade que eu e isso acaba ficando injusto. Pois, o valor que vamos receber não vai cobrir tudo o que eu e minha família perdemos. Nunca morei alugado e agora tenho que recorrer a isso, como vou comprar uma casa boa em um local bom com apenas R$ 35 mil?”, diz.

Ela reclama, ainda, que muitas pessoas se aproveitam da situação ao afirmarem que tinham moradia no local e que foram vítimas do incêndio, quando, na verdade, estão só querem receber o auxílio. “Muita gente que está se inscrevendo e nem morava lá, a casa nem queimou, só fez fumaçar”, denuncia.

“Éramos acostumados com uma casa onde todos tinham seus próprios quartos. Lá morava eu, meu esposo e meu neto. Tinha o necessário para viver, mas tudo virou cinzas, agora temos que pagar aluguel. Agora, vamos tentar encontrar uma casa com esse dinheiro que, infelizmente, só dá para conseguir nesses lugares longes”, conclui a aposentada.

Jucirene Yeda da Silva, 60 anos (Bruno Pacheco/Amazonas1)

Para Dinei Mara, 42, a situação é ainda mais complicada para ela e sua família, pois, depois de seis meses do incêndio, o marido dela veio a falecer. Ela vivia em uma residência de madeira, de dois andares, com o esposo, quatro filhos, duas noras e uma neta. Segundo ela, hoje todos vivem em uma casa pequena e alugada.

“Meu marido teve AVC, devido ao trauma que ele teve e a todo o sofrimento que nós passamos. Ele vivia tendo dor de cabeça ao ponto dele desmaiar. O doutor disse o incêndio mexeu com o psicológico dele. Na cabeça dele, ele achava que ninguém o ajudaria e ele ficou com isso na mente. Toda vez ele via eu e meus filhos chorando e sempre falava que íamos vencer”, comentou.

Leonela estava grávida quando o incêndio destruiu a casa onde morava com o marido e seus dois filhos, de 8 e 2 anos. (Bruno Pacheco/Amazonas1)

A expectativa de Mara é comprar uma casa ou garantir um terreno na zona Leste de Manaus, por se tratar, segundo ela, de um local onde os valores são mais baratos. “Não dá para comprar como eu tinha, uma casa pequena, quem sabe. O dinheiro não é o suficiente para recuperar tudo, mas vai ajudar nossa família”, destacou.

Cerimônia de entrega de indenizações

Durante a solenidade de entrega de indenizações, o governador Wilson Lima informou que outras duas mil famílias moradoras do bairro Educandos e entorno devem ser indenizadas e retiradas do local para a implantação de um novo projeto do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim). Em fevereiro, será realizado o pagamento do segundo lote.