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Protestos no Chile somam 15 mortos e 2,6 mil pessoas detidas

Além das mortes já contabilizadas, as manifestações no país já contabilizam cerca de 2.600 pessoas detidas e de 80 feridos

Protestos no Chile somam 15 mortos e 2,6 mil pessoas detidas

Manifestantes protestam contra Exército (Folhapress)

O número de mortos em decorrência dos protestos que ocorrem no Chile chegou a 15, segundo anunciou nesta terça-feira, 22, o governo do país. O último balanço oficial, divulgado no dia anterior, contava 11 mortes.

Rodrigo Ubilla, subsecretário do Interior, afirmou em entrevista coletiva que 11 das mortes até então confirmadas ocorreram na região metropolitana de Santiago e estão “associadas a incêndios e saques, principalmente de centros comerciais”.

Outras três mortes aconteceram longe da capital e foram causadas por disparos de arma de fogo. Em Curicó (a 220 km de Santiago), um militar foi detido após um jovem de 25 anos morrer baleado durante uma manifestação, informou o promotor regional de Maule, Julio Contardo, ao jornal chileno El Mercurio.

Na segunda, 21, um caminhão da Marinha atropelou um manifestante na cidade de Talcahuano, no sul do país, segundo a promotora Ana María Aldana. Ainda de acordo com Aldana, o condutor do veículo foi levado à polícia.

Além das mortes já contabilizadas, as manifestações já contabilizam cerca de 2.600 pessoas detidas e de 80 feridos por arma de fogo, segundo o Instituto Nacional de Direitos Humanos.

Sebastián Piñera, presidente do Chile, deve se reunir nesta terça com líderes dos partidos da oposição e do governo para tentar buscar uma saída para a crise que se instalou no país.

A busca pelo diálogo acontece depois das críticas que Piñera sofreu devido ao posicionamento adotado no domingo, 20, quando o presidente dissera que o país estava em guerra com um “inimigo poderoso, que está disposto a usar a violência sem nenhum limite”.

“Amanhã [terça] me reunirei com presidentes de partidos, tanto do governo quanto da oposição, para poder explorar e, oxalá, avançar para um acordo social que permita a todos nos aproximarmos com rapidez, eficácia e também responsabilidade para melhores soluções aos problemas que afligem os chilenos e as oportunidades que merecem nossos compatriotas”, afirmou o líder chileno na véspera.

Entenda as razões por trás da crise no Chile

Aumento da tarifa
Desde a semana passada, os transportes públicos de Santiago são alvo de vandalismo por causa do aumento de 3,75% das tarifas -os protestos se intensificaram na sexta, 18,. O governou justificou o reajuste alegando alta do preço do dólar e a necessidade de realizar obras de melhoria no sistema.

Elevado custo de vida
Não são só os transportes que ficaram mais caros. Na última década, o preço para alugar e comprar imóveis aumentou cerca de 150% -a alta foi sentida principalmente nos grandes centros urbanos. Neste ano, as tarifas de luz tiveram alta de 10,5% em maio e 8% em julho -a valorização do dólar foi novamente citada pelo governo como justificativa.

Educação e saúde precárias
O Chile não possui um sistema de saúde público, e os preços dos remédios são altos para a maioria da população. Desde 2011, movimentos estudantis protestam por educação universitária gratuita. Após profundas reformas, o sistema estatal de aposentadoria paga pensões menores que o salário mínimo.

Corrupção
As forças de segurança que reprimem os protestos estão no centro de escândalos revelados nos últimos anos. Membros da alta cúpula do Exército chileno são acusados de se apropriar de quase US$ 7 milhões, que teriam sido gastos em regalias como viagens e presentes a familiares. Mais de cem policiais são investigados por desviar cerca de US$ 38 milhões da corporação.

(*) Com informações da FolhaPress