Manaus, 25 de abril de 2024
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Manaus, 25 de abril de 2024

Cidades

Em dois meses, 12 mulheres foram assassinadas em Manaus e Região Metropolitana

Segundo investigações da polícia, a maioria dos crimes tem envolvimento das vítimas com o tráfico de drogas. Outros tiveram motivação passional

Em dois meses, 12 mulheres foram assassinadas em Manaus e Região Metropolitana

Segundo a Polícia Civil, a maioria dos crimes estão relacionado ao tráfico de drogas (Foto: Josemar Antunes/Amazonas1)

Doze mulheres foram assassinadas em Manaus e na Região Metropolitana, entre elas, quatro adolescentes, entre janeiro e 17 dias de fevereiro de 2020.

Desse total, três casos foram cometidos pelos companheiros ou ex-companheiros das vítimas

Outros crimes estão sendo tratados pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), de forma preliminar, ligados ao tráfico de drogas.

O caso mais recente ocorreu no domingo, 16, na rua Lima Bacuri, no bairro Centro, na zona Sul de Manaus.

A autônoma Eline Monique Melo de Oliveira, de 18 anos, foi encontrada morta com o crânio esmagado no quarto 406, no 3º andar do Sun Hotel, no Centro.

“Sapinho” (à esquerda) é acusado de matar Eline Monique (Foto: Reprodução)

Segundo a polícia, o principal suspeito do crime é Nazareno da Silva Braz, de 18 anos, conhecido como “Sapinho”.

Ele fugiu após avisar na recepção do hotel que a companheira dele havia cometido suicídio.

Uma câmera de segurança da hospedaria registrou a saída do homem às 7h51.

Outras vítimas de companheiros

A estudante Mayane Brasil Batista, de 14 anos, morreu após ser esfaqueada pelo ex-namorado dentro de casa, na rua Nazaré Cavalcante, no bairro Morada do Sol, no município de Manacapuru (distante 68 quilômetros de Manaus). Ela foi atingida por duas facadas no pescoço.

De acordo com a equipe da Delegacia Regional de Manacapuru, que investiga o crime de feminicídio, o ex-namorado da vítima, de 22 anos, não aceitava o fim da relação que teve início em agosto do ano passado.

O motivo do término ainda não foi revelado.

O suspeito pelo crime segue sendo procurado pela polícia.

 

Miriam, que estava grávida, foi assassinada com nove facadas (Foto: Reprodução)

Outro caso de feminicídio foi registrado na manhã do dia 16 de janeiro de 2020.

A garçonete Miriam Moraes da Cruz, de 21 anos, que estava grávida de quatro meses, foi encontrada morta com nove facadas em um igarapé na rua Francisco Alves, no bairro Tancredo Neves, na zona Leste da capital.

De acordo com o delegado Charles Araújo, adjunto da DEHS, responsável pelas investigações, Roberto Marinho Brito, então ex-namorado da vítima, não aceitava a gravidez.

“Roberto, principal suspeito do crime, foi a última pessoa a estar com a vítima em vida. As investigações apontam que ele fez uma ligação para Miriam marcando encontro. Roberto estava separado de Miriam e resolveu se aproximar. Após descobrir a gravidez, ele se distanciou da jovem e reatou o relacionamento com a ex-mulher. Mesmo separado, conforme o irmão da vítima, Roberto ainda mantinha contato e insistia que Miriam provocasse o aborto”, explicou.

Roberto é procurado pela polícia pelo crime de feminicídio (Foto: Divulgação/PC-AM)

Mais cinco assassinatos

Andréia foi morta pelo funcionário responsável por cobrar dinheiro emprestado (Foto: Divulgação)

Ainda em janeiro deste ano, mais cinco mulheres foram assassinadas. No dia 4, a engenheira elétrica Andréia Defavari de Vasconcelos, de 46 anos, foi encontrada morta com sinais de estrangulamento dentro do próprio carro, modelo Honda/Civic, de cor prata, de placa JXS-6773. O fato ocorreu no estacionamento do Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto, no bairro Adrianópolis, na zona Centro-Sul da capital.

Três dias depois do crime, a equipe de investigação da DEHS prendeu Jefferson Borges de Souza, de 34 anos, no bairro Cidade Nova, na zona Norte. O investigado era funcionário da vítima e confessou o assassinato após desentendimento com Andréia. Em depoimento na especializada, ele confirmou que realizava cobranças de dinheiro emprestado pela vítima.

Já na noite do dia 6, o corpo de uma mulher foi encontrado dentro de uma caixa d’água – usada para abastecer apartamentos. O caso aconteceu na rua Cacau Pirêra, no bairro São José Operário, na zona Leste. Segundo os moradores do prédio, a mulher sem identificação costumava visitar um dos inquilinos do local. Ela estaria morta há dois dias.

Joyce foi assassinada com três tiros na cabeça (Foto: Josemar Antunes/Amazonas1)

Quase 12 horas depois, outra mulher foi encontrada morta na capital. Dessa vez, o caso ocorreu na manhã do dia 7, na rua Caravelle, no bairro Tarumã, na zona Oeste. A autônoma Joyce Queiroz da Silveira, de 24 anos, foi morta com três tiros na cabeça. A vítima já tinha passagens por tráfico de drogas e o crime teria sido por acerto de contas.

Torturada e morta

Walcimara foi morta com três tiros na zona Leste de Manaus (Foto: Josemar Antunes/Amazonas1)

Outro crime com contexto de acerto de contas relacionado ao tráfico de drogas foi registrado na manhã do dia 9, nas proximidades da ponte do Sete, no final da rua Francisco Alves, no bairro Tancredo Neves, zona Leste.

A autônoma Walcimara da Cruz Vasconcelos, de 23 anos, foi encontrada morta com três tiros, sendo dois na cabeça e um na mão esquerda. A vítima estava com mãos e pés amarrados, além de apresentar sinais de tortura.

Três homens, identificados como Diogo Alves Bahia, conhecido como “Loirinho”; Leonardo Menezes da Silva, o “Bala”; e Limber Fonseca Adiala Filho, chamado “Gabe”, foram presos na noite do dia 11 de fevereiro, na zona Leste de Manaus, durante uma operação da DEHS e do serviço de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).

O trio está envolvido no assassinato de Walcimara e de Renan Souza Gomes, de 10 anos. A criança foi vítima de bala perdida na noite do dia 9 do mês passado, quando brincava de bicicleta na rua Amazonas, no bairro Novo Aleixo, na zona Norte.

Segundo as investigações da DEHS, os três homens fazem parte de uma facção criminosa atuante nos bairros Novo Aleixo e São José. Eles são suspeitos de, pelo menos, dez assassinatos neste ano em Manaus. Os investigados também são apontados como soldados dos traficantes “Fala Fina” e “Thiago Zureta”, esse último, preso pela especializada no ano passado.

O último assassinato de mulher ocorreu no dia 29. A estudante Lívia Leite Pontes, de 16 anos, morreu  após ser alvejada com dois tiros na cabeça e no pescoço. Ela ainda foi socorrida e levada até o Hospital e Pronto-Socorro (HPS) 28 de Agosto, no bairro Adrianópolis, na zona Centro-Sul, mas chegou sem vida.

Segundo a DEHS, que investiga o crime, ocupantes de um carro modelo Voyage, de cor cinza, fizeram os disparos contra cinco pessoas que estavam em um bar, localizado na rua Marquês da Silveira, no bairro São Francisco, na zona Sul. Thiago Gomes da Silva, de 18 anos, morreu dois dias depois no HPS 28 de Agosto.

Fevereiro

Ana Beatriz foi morta com oito tiros em possível acerto de contas (Foto: Reprodução)

O primeiro dia de fevereiro começou violento com mais uma mulher assassinada na capital. A garota de programa Ana Beatriz Vieira Lacerda, de 18 anos, foi encontrada morta durante a madrugada, com oito tiros na cabeça e no rosto, na rua Waldemar Jardim Maués, no bairro Novo Aleixo, zona Norte.  De acordo com a policia, a vítima  pertencia a uma organização criminosa.

Sabrina foi morta após uma confusão em um bar no bairro Compensa (Foto: Divulgação)

Na madrugada do dia 4, a estudante Sabrina da Silva Ferreira, de 24 anos, morreu após ser atingida com seis tiros no bairro Compensa, na zona Oeste. Ela estava em um bar, na rua Prosperidade, acompanhada de um adolescente, de 17 anos, que também ficou ferido.

Segundo os levantamentos da DEHS, a jovem e o adolescente se desentenderam com uma dupla. Horas depois de saírem do bar, os dois homens desceram de um carro e efetuaram os disparos. Sabrina e o adolescente foram socorridos ao Serviço de Pronto Atendimento (SPA) Joventina Dias, no bairro Compensa, mas a estudante não resistiu. O adolescente foi transferido para o HPS 28 de Agosto, sem risco de morte.

Os corpos de Sigrid e Thaissa Kerolainy foram encontrados em um igarapé (Foto: Josemar Antunes/Amazonas1)

O último assassinato de mulheres no mês de janeiro foi registrado pela polícia no dia 6. As estudantes Sigrid Libório de Santana, de 13 anos, e Thaissa Kerolainy da Silva Azevedo, de 14 anos, foram mortas a tiros no bairro Educandos, na zona Sul. Os corpos das adolescentes foram encontrados no igarapé do bairro, localizado no final da rua Nova. Elas teriam sido mortas por membros da facção criminosa Família do Norte (FDN).

Conforme informações da DEHS, a maior motivação apontada nas investigações continua sendo por envolvimento com o tráfico de drogas e passional. Os casos estão sendo investigados pela especializada.