Manaus, 19 de abril de 2024
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Cidades

Participação de servidores em falsificação de carros de luxo é investigada

Os donos da fábrica, que são pai e filho, foram levados para prestar depoimento e liberados em seguida. Eles negaram a falsificação

Participação de servidores em falsificação de carros de luxo é investigada

(Foto: Divulgação/DEIC)

Após a apreensão de oito réplicas semimontadas de carros de luxo das marcas Ferrari e Lamborghini, a Polícia Civil de Santa Catarina vai investigar a participação de servidores públicos e outros agentes que podem ter facilitado a legalização dos automóveis, como protótipos nos Departamento Estaduais de Trânsito (Detrans). Os veículos eram comercializados para o todo o Brasil com preços entre R$ 180 mil e R$ 250 mil – abaixo dos praticados pelas montadoras. Os modelos originais são vendidos no mercado por valores entre R$ 1,5 milhão e R$ 3 milhões.

“Agora nós vamos ouvir clientes, fornecedores de peças e funcionários públicos de Santa Catarina e de outros Estados. Não há a possibilidade desses veículos serem licenciados como protótipos porque eles usavam desenhos e marcas patenteadas”, explicou o delegado Angelo Fragelli, da 1ª Delegacia de Polícia de Itajaí, no litoral norte de Santa Catarina. “Está caracterizada a falsificação e não poderiam ser liberados.”

Segundo o delegado, o inquérito ainda trata os delitos como crimes contra a propriedade industrial. “Mas se ficar comprovada a participação de terceiros, poderá também ficar caracterizada falsificação de documentos, associação criminosa, entre outros”, afirmou.

Os donos da fábrica, que são pai e filho, foram levados para prestar depoimento e liberados em seguida. Eles negaram a falsificação e disseram que são especializados em customização de veículos. A empresa atua há mais de 15 anos no mercado, e a fabricação de protótipos seria um negócio mais recente, informou o delegado.

Apesar de os automóveis serem fabricados em Santa Catarina, a maior parte da produção era enviada para outros Estados, como São Paulo, Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul.

“Além da venda de veículos de estoque, pai e filho também produziam sob encomenda, de acordo com o gosto do cliente. As investigações foram iniciadas após denúncias feitas por representantes das próprias marcas.

Clientes pagaram e não receberam

Pelo menos dois clientes já procuraram a polícia catarinense para reclamar sobre a compra de veículos que não foram entregues O jornal O Estado de S. Paulo também teve acesso a um terceiro caso, de um morador de Porto Alegre, que chegou a pagar por uma réplica de Lamborghini, mas nunca recebeu o automóvel.

Na ação movida para reaver os valores, o cliente informou que chegou a dar carro de R$ 55 mil de entrada e pagou o restante, R$ 58 mil, em duas parcelas.

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“Curiosamente essas pessoas procuraram a polícia para reclamar que pagaram e não receberam os veículos, e eles sabiam que não se tratava de modelos originais”, informou Fragelli, que vai pedir ampliação do prazo para conclusão do processo.A reportagem tentou contato com os empresários donos da fábrica em Itajaí, mas até o fim da manhã desta quarta-feira, 17, não obteve retorno.

(*) Com informações da Estadão Conteúdo