Manaus, 28 de março de 2024
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Política

Bebianno alfineta Bolsonaro: ‘O desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar’

Ministro Secretaria-Geral da Presidência é pivô de uma crise no governo. Nesta sexta, questionado se permaneceria no cargo, ele disse: 'Não sei. Quem é que sabe?'

Bebianno alfineta Bolsonaro: ‘O desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar’

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que vive uma crise com o presidente Jair Bolsonaro, postou na madrugada deste sábado (16) uma mensagem sobre lealdade em sua conta em uma rede social. Bebianno reproduziu um texto atribuído a um escritor.

“O desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça”, diz parte do texto.

Em outro trecho, a postagem de Bebianno diz que “a lealdade constrói pontes indestrutíveis nas relações humanas. E repare: quando perdemos por ser leal, mantemos viva nossa honra”.

O desgaste de Bebianno dentro do governo começou após o jornal “Folha de S.Paulo”, no início desta semana, publicar reportagens com suspeitas de que candidatos do PSL foram “laranjas” nas eleições de outubro. Bebianno era presidente do partido durante o período eleitoral.

Na terça-feira (12), o ministro disse ao jornal “O Globo” que não havia crise sobre o tema no governo, e afirmou, para provar que não havia atritos, que teria conversado por telefone com Jair Bolsonaro, então internado em um hospital em São Paulo.

Um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro, foi às redes sociais para dizer que era mentira que o pai tinha falado com Bebianno. O próprio Bolsonaro compartilhou a publicação do filho. O episódio desencadeou uma crise e pode custar o cargo do ministro.

Como presidente do PSL, mesmo partido de Jair Bolsonaro, Bebianno esteve próximo do presidente na campanha eleitoral.

Segundo o colunista Gerson Camarotti, integrantes do Palácio do Planalto admitiram que a situação do ministro ficou “insustentável” e que o anúncio da saída dele deve ser oficializada já na próxima segunda (18).

No início da tarde de sexta-feira (15), Bebianno foi abordado pela reportagem da TV Globo ao sair para almoçar e disse que não há crise no governo. Questionado se permaneceria no cargo, afirmou: “Estou aqui, não estou?”. Diante de uma nova pergunta, respondeu: “Não sei. Quem é que sabe, né?”

No texto publicado pelo ministro na rede social, havia ainda o trecho que dizia: “E repare: quando perdemos por ser leal, mantemos viva a honra. Saímos de qualquer lugar com a cabeça erguida ao carregar no coração a lealdade”.

A crise no PSL

No último fim de semana, o jornal “Folha de S. Paulo” informou que o PSL repassou R$ 400 mil a uma candidata a deputada federal de Pernambuco que recebeu 274 votos, quatro dias antes da eleição. Ainda segundo o jornal, o repasse foi feito no período em que Gustavo Bebianno era presidente do partido.

De acordo com a “Folha”, há indícios de que a candidatura era “laranja”, ou seja, de fachada.

O jornal também revelou que Bebianno liberou R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica registrada em endereço de fachada, sem maquinário para impressões em massa.

Em nota, Bebianno afirmou que não era o responsável pela escolha dos candidatos do PSL nos estados. Ele disse que os repasses de recursos para os candidatos a deputado estadual e federal e a governos dos estados são realizados pela Executiva Nacional do partido “por conta e ordem” dos diretórios estaduais.

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirmou que, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, a Polícia Federal investigará as suspeitas de irregularidade nos repasses.

*Informações retiradas do G1