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Em 4 anos, mais de 50 mil pessoas buscaram filiação a algum partido político, no AM

Em 4 anos, mais de 50 mil pessoas buscaram filiação a algum partido político, no AM

Foto: Divulgação

Eleitores do Amazonas aumentaram o interesse pela filiação partidária nos últimos 4 anos (TRE-AM)

Da Redação – A adesão de eleitores a partidos políticos no Amazonas passou de 3%, entre 2012 e 2014, para 26,2%, de 2014 a 2016. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),  os eleitores filiados saltaram de 175,9 mil pessoas em 2012 para 229,1 mil, em 2016, registrando um aumento de 53.200 novos filiados .

O aumento no número de filiados a alguma das 34 legendas registradas no TSE é superior ao de novos eleitores. Segundo o Tribunal, em 2014, o Amazonas tinha 2,23 milhões de eleitores e, em 2016, passou para 2,33 milhões, um acréscimo de 4,6%.

O partido político com o maior número de filiados no Amazonas é o PCdoB (Partido Comunista do Brasil), com 21 mil adeptos oficiais. Entre os anos em que ocorreram as últimas duas eleições no País, a legenda que mais ganhou adeptos foi o PEN (Partido Ecológico Nacional), que passou de 172 filiados para 2,5 mil.

O PEN conta com apenas um representante na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE): o deputado estadual Dermílson Chagas, que migrou para a legenda após deixar o PDT, partido pelo qual militou por anos e que o elegeu. Não há representante eleito pelo partido na Câmara Municipal de Manaus (CMM), Senado e Câmara Federal, pelo Amazonas.

Além dele, as seguintes siglas superaram os 100% de aumento em filiações. São elas: o PROS (Partido Republicano da Ordem Social, 849%), que tem como principal liderança política no Estado o governador José Melo; o SD (Solidariedade, 516%), PSC (Partido Socialista Cristão, 204%) e o PPL (Partido Pátria Livre, 147%).

Por outro lado, outras quatro siglas apresentaram redução: Rede Sustentabilidade, de -23%, passando de 475 para 317; PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), ex-partido de Amazonino Mendes, de -30,9%, passando de 16,4 mil para 11,3 mil; PCO (Partido da Causa Operária), de -0,9%, passando de 164 para 159 filiados; PCB (Partido Comunista Brasileiro), de -4%, passando de 938 para 839.

Em busca de cargos

Para o cientista político Carlos Santiago, um fator que contribuiu para o aumento no número de filiações, foi a pretensão dos filiados de aproximação com o poder e de ocupar cargos públicos, já que, é relativamente comum secretarias, autarquias e ministérios, entre outros órgãos, serem geridos por pessoas filiadas a partidos aliados dos prefeitos, governadores e presidentes, por exemplo.

Ele afirma que a maioria dos partidos continua sendo administrada por pequenos grupos de “negociadores e por famílias que têm interesses tão somente na manutenção no poder da parentada e fazer negócios com os governos”.

Santiago também disse que, para a ocupação de cargos públicos, em alguns casos, a qualificação técnica que não é respeitada. “Também tem a questão do perfil dos partidos e dos partidários. Eles objetivam fazer da política um negócio rentável, sem ética, sem qualquer interesses coletivo, apenas um negócio de grupos ou de famílias”, concluiu. Para ele, os “partidos” se tornaram “vias de barganha política”.

Por outro lado, o momento atual que o Brasil vive, com sucessivos escândalos de corrupção e citações de políticos em operações como a Lava Jato, não tem, na opinião de Santiago, relação com as filiações. Mas, o interesse dos jovens em participar da política, levou-os também ao caminho das filiações.

“O jovem tem que gostar de política e ingressar na política partidária, com ideias novas e com espírito de mudança. Hoje, quase nenhum partido tem curso e campanha de ingressos de jovens nas siglas. Assistindo tão somente a ‘renovação’ da política como sendo os filhos, netos e até bisnetos dos caciques. São jovens com velhas práticas”, disse o cientista político.

No caso de partidos que apresentaram redução de filiados, como o PTB, que teve a maior perda percentual, ele acredita que o fato está ligado, por exemplo, à troca de dirigentes, a exemplo de Amazonino Mendes, que deixou o PTB e hoje faz parte do PDT. “O PTB segue a lógica da maioria dos partidos: virou a extensão dos interesses de uma família, nesse caso, a família do deputado Sabino (Castelo Branco), o que também contribuiu”, concluiu Carlos Santiago.