Manaus, 23 de abril de 2024
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Política

Haddad: ‘Estou disposto a ir a uma enfermaria para debater com Bolsonaro’

Haddad: ‘Estou disposto a ir a uma enfermaria para debater com Bolsonaro’

Fernando Haddad

Em entrevista a agências de notícias internacionais nesta quarta-feira (10), o candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad, afirmou que está disposto “até a ir a uma enfermaria” para debater propostas com seu adversário na corrida presidencial, Jair Bolsonaro (PSL).

Fernando Haddad

O capitão reformado foi vítima de um atentado a faca em 6 de setembro e se recupera em sua casa no Rio de Janeiro de duas cirurgias. Ele diz que espera liberação médica para participar dos debates do segundo turno.

Na quinta-feira (4), porém, Bolsonaro concedeu uma entrevista à TV Record que foi vinculada ao mesmo tempo em que era transmitido o debate da TV Globo, ao qual o candidato do PSL não compareceu.

“Ele precisa debater. Estou disposto até a ir a uma enfermaria para debater com ele”, disse Haddad durante a entrevista em São Paulo.

“Os brasileiros precisam saber a verdade sobre as coisas. Se tem fake news, vamos tratar isso como adultos. Eu não tenho problema em tratar nenhum tema, mas vamos tratar de forma adulta e não fazendo criancice na internet contando com a boa-fé das pessoas. Muita gente acredita no que recebe no WhatsApp, e no WhatsApp você não tem contraditório, no debate você tem”, afirmou.

Haddad ainda disse que a ideia não é estressar o capitão reformado do Exército: “Ele falou que não quer se estressar, eu não vou estressar ele. Vou falar da forma mais calma possível. Vou falar docemente. Não altero a voz. Nem olho para ele se ele ficar com muito receio. Faço o que ele quiser para ele falar o que ele pensa e debater o país. Com assistência médica, enfermaria, em qualquer ambiente”.

A estratégia do candidato do PT é confrontar medidas do governo Lula com as propostas de Bolsonaro e mostrar que o capitão reformado votou, quando deputado, em projetos contrários aos direitos dos trabalhadores. A ideia é dizer que um eventual governo do PSL vai piorar a vida da população mais carente.

Em entrevista ao UOL, Haddad reforçou que nunca compactuou com o autoritarismo e está na disputa ainda “para defender o Brasil do que pode acontecer” dessas ameaças. “Estou duelando com quem já defendeu estupro e cárcere na Ditadura. (…) Armado só com argumento. Nunca com arma”, finalizou.

Bolsonaro avançou em várias fatias do eleitorado tradicionalmente lulista no primeiro turno, inclusive no Nordeste, e Haddad sabe que precisa recuperar esse voto se quiser vencer a eleição em 28 de outubro.

O petista insistiu também que seu adversário contribui para uma “escalada da violência” no país e que não repreende “correligionários que têm agido violentamente”.

Ele citou como exemplo um mestre de capoeira que foi assassinado na Bahia esta semana após uma discussão política —defendendo voto em Haddad.

Sobre acenos a partidos e a criação de uma frente mais ampla em favor da democracia, Haddad repetiu que segue em conversas com o PDT, de Ciro Gomes, e já conseguiu fechar acordos com o PSOL, de Guilherme Boulos, e com o PSB.

Ele recebeu governadores do PSB, como Paulo Câmara (PE) e Ricardo Coutinho (PB), em um hotel na capital paulista. Ambos já o apoiavam no primeiro turno.

Haddad defende a ampliação de seu arco de apoio para “outros setores da sociedade” —deve procurar outros atores políticos, inclusive o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)— para essa frente, mas evita fazer um aceno ao mercado financeiro.

“Todo o establishment apoia a extrema direita. O mercado tem preferência pelo plano de venda das estatais”, disse Haddad, afirmando que é por isso que grande parte dos donos do dinheiro estão com Bolsonaro.

Conforme publicou a Folha de S.Paulo, o PT resiste a indicar os nomes que integrariam uma eventual equipe econômica de Haddad caso ele fosse eleito. Avalia que o aceno ao mercado não precisa ser feito agora e que a campanha deve falar com o povo.

Haddad, por sua vez, escalou auxiliares de sua confiança há algumas semanas para conversar com empresários e investidores e passar uma ideia de que fará um governo moderado, com responsabilidade fiscal.

*Informações retiradas da FolhaPress