Manaus, 23 de abril de 2024
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Manaus, 23 de abril de 2024

Política

Quase 60% dos senadores respondem a acusações criminais

Quase 60% dos senadores respondem a acusações criminais

(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Corrupção é também uma questão de gênero? Difícil responder à pergunta de modo definitivo, mas alguns números sugerem, sim, que os homens estão mais sujeitos a envolvimento com práticas delituosas. Levantamento do Congresso em Foco mostra que 39 dos 68 senadores (57,4%) respondem a acusações criminais. Entre as 13 senadoras, 5 estão sob investigação (38,5%). Delas, apenas Gleisi Hoffmann (PT-PR) é ré, ou seja, alvo de ação penal, processo que pode resultar em condenação. Já na bancada masculina, são oito réus.

(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Na Câmara a diferença também existe, ainda que menor. Das 53 deputadas, 16 têm pendências judiciais (30,2% delas). Entre os 460 homens, esse percentual sobe para 35,2% – 162 deles têm contas a acertar com a Justiça. Só duas deputadas fazem companhia aos mais de 40 deputados que respondem a ações penais.

A bancada feminina em todo o Congresso responde a 6% de todos os inquéritos e processos a que respondem os integrantes da Câmara e do Senado, embora ocupe aproximadamente 11% das cadeiras das duas Casas. Das 449 investigações de parlamentares, 423 recaem sobre deputados e senadores. Elas acumulam 26 inquéritos e ações penais.

Acima dessas estatísticas, há outra – esta, sim, irrefutável – que envergonha o país. O Brasil é apenas o 152º colocado, em um ranking de 190 países, entre as nações com menor representação feminina na Câmara, de acordo com estudo da Inter-Parliamentary Union (IPU), organização com sede na Suíça. No Brasil elas ocupam menos de 11% da chamada câmara baixa enquanto a média mundial é de aproximadamente 24%. É o último colocado na América do Sul e fica atrás de países do Oriente Médio conhecidos por negar direitos básicos às mulheres.

Laços de família

Para a também cientista política Thalita Silva, do Fórum de Mulheres do DF e Entorno, há também outra explicação para a discrepância dos números encontrados entre deputadas e senadoras. Para ela, o fator familiar deve ser levado em conta. “O atrelamento ao poder familiar do marido, dos pais, pode ser determinante”.

Talita explica que há casos em que o mandato da mulher é uma espécie de “saída” para que o poder político continue com o familiar ou cônjuge, usando-a como laranja, mas com todas as ações sob o crivo do homem.

Para Talita, chegando ao posto de senadora, a mulher já tem mais experiência e independência política. “Em determinado momento da vida elas já não estão tão atreladas assim. Se elas continuam e chegam ao posto de senadoras, aí é porque elas já lograram êxito próprio”. Talita também afirma que não se trata partir de um pressuposto de que mulheres não sejam corruptas, mas que o poder familiar pode explicar alguns dos casos.

Até o final de abril, mais da metade do Senado respondia a acusações criminais no STF: 44 dos 81 senadores. Vários desses casos baixaram desde que o Supremo reviu a abrangência do foro privilegiado.

Dos 513 integrantes da Câmara, pelo menos 178 eram alvo de inquéritos ou ações penais. O PP, o PT e o PSDB são os partidos com mais deputados com pendências criminais. Das 27 legendas com assento na Casa, apenas seis pequenas (Psol, Rede, PV, PPL, PRP e PRTB) não têm atualmente parlamentares sob investigação.

Entre as representações estaduais, nenhuma escapa ilesa. Todas têm pelo menos um representante na lista dos investigados. Em seis unidades federativas, pelo menos metade dos deputados está sob suspeita. No DF e em Mato Grosso esse percentual chega a 75%.

 

 

 

*Com informações do Congresso em Foco