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Política

Secretário da cultura será exonerado após citação nazista, diz Palácio do Planalto

Roberto Alvim usou trechos do discurso do ministro da Propaganda do governo de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, para anunciar o Prêmio Nacional das Artes

Secretário da cultura será exonerado após citação nazista, diz Palácio do Planalto

Reunião com Irene Ferraz do Instituto Brasileiro do Audiovisual - Escola Darcy Ribeiro 13/01/2020 Fotos: Clara Angeleas

Em reação à fala do secretário de Cultura, Roberto Alvim, que citou trechos de discurso do ministro da Propaganda do governo de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, o Palácio do Planalto informou aos líderes do Congresso que o secretário será desligado das suas funções. A Secretaria Especial de Cultura está ligada ao Ministério do Turismo, chefiado por Marcelo Álvaro Antônio.

Roberto Alvim usou trechos do discurso do ministro da Propaganda do governo de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, para anunciar o Prêmio Nacional das Artes e provocou reações.

“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”, disse Alvim.

O secretário afirmou ainda que “ao país a que servimos só interessa uma arte que cria a sua própria qualidade a partir da nacionalidade plena”.

“Queremos um cultura dinâmica e, ao mesmo tempo, enraizada na nobreza dos nossos mitos fundantes. Pátria, família, a coragem do povo e a sua profunda ligação com Deus amparam nossas ações na criação de políticas públicas”, emendou.

Inicialmente, o Palácio do Planalto informou que não comentaria as citações. Alvim, ao tentar se justificar, o secretário disse nesta sexta-feira, 17,  que o discurso em que parafraseia Goebbels, foi “coincidência”.

Perfil
Alvim é nome de confiança do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Antes de assumir o cargo de secretário especial da Cultura, o dramaturgo já havia trabalhado no governo à frente do Centro de Artes Cênicas (Ceacen) da Funarte.

Ele é seguidor do escritor Olavo de Carvalho e defende o engajamento de artistas conservadores em pautas do governo. A aproximação com Bolsonaro se deu durante a campanha eleitoral de 2018.

Polêmica
Após a fala, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu o afastamento imediato de Alvim. Nas redes sociais, o parlamentar classificou como inaceitável a declaração do ministro que teria sido copiada das declarações de Goebbels. “O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgentemente do cargo”, opinou.

Deputados do PSol e do PT cobraram punição severa ao ex-secretário. “Na Alemanha, Roberto Alvim estaria preso. Aqui, é secretário da cultura de [Jair] Bolsonaro. Usar retórica nazista e discurso de Goebbels pode parecer patético, mas na verdade é perigoso e violento. Não normalizemos os absurdos dessa escória que hoje governa o Brasil”, criticou o PSol no texto.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), cobrou providências do Congresso para punir a fala. “Um vídeo nazista não é apenas ridículo. É perigoso e ilegal. Desrespeita os judeus no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Deve ser objeto de repúdio e de providências no Congresso Nacional e no Poder Judiciário”, postou nas redes sociais.

Repercussão diplomática

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) disse que considera “inaceitável” o uso de discurso nazista pelo secretário da Cultura do governo Jair Bolsonaro (sem partido), Roberto Alvim.

“Emular a visão do ministro da Propaganda nazista de Hitler, Joseph Goebbels, é um sinal assustador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida”, inicia a nota de repúdio.

A Embaixada da Alemanha no Brasil reagiu, por meio de nota, às declarações. De acordo com a representação alemã no Brasil, o período do nacional-socialismo representa o “capítulo mais sombrio da história” do país.

“Trouxe sofrimento infinito à humanidade. A Alemanha mantém sua responsabilidade. Pomo-nos a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo glorificar a era do nacional-socialismo”, destaca a nota.

 

(*) Com informações do Metrópole