Manaus, 3 de dezembro de 2024
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Cidades

Ambientalista afirma que Amazonas pode sofrer escassez de água potável

Com a mudança do cenário em que as secas tornam-se frequentes, o especialista pontua que pode ocorrer uma redução significativa de água na região.

Ambientalista afirma que Amazonas pode sofrer escassez de água potável

(Foto: Maiara Ribeiro/Portal AM1)

Brasília (DF) – O geógrafo e ambientalista Carlos Durigan aponta que o Amazonas deve sofrer com a falta de água potável devido à extrema seca ligada ao aquecimento global.

A Amazônia possui a maior bacia hidrográfica do mundo, dependendo das chuvas para sua manutenção. Com a mudança do cenário em que as secas tornam-se frequentes, o especialista pontua que pode ocorrer uma redução significativa de água em toda a região.

“Se nós vamos ter um futuro mais seco e menos água, é importante que essa água seja limpa. Para dar menos trabalho para limpar e, ao mesmo tempo, assim, trabalhar em torno de ações emergenciais para cuidar dos momentos de escassez em áreas que já estão sofrendo com escassez”, pontuou o especialista.

Para minimizar os impactos causados pela escassez de chuvas no estado, o ambientalista sinalizou que os municípios podem realizar a perfuração de poços artesianos ou semi-artesianos, além de sistemas para armazenamento da chuva.

Um estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil afirma que o Amazonas compõe os estados que apresentam a possibilidade de sofrer com a falta de água potável até 2050 devido ao calor.

Segundo a pesquisa, “as ondas de calor podem impactar o volume dos corpos d’água, aumentar a contaminação e a demanda por energia, o que pode prejudicar a população. Também aumentam a demanda por água, pressionando os sistemas que, muitas vezes, operam no limite de sua capacidade”.

Questionado sobre quais seriam os municípios amazonenses com a maior probabilidade de enfrentarem a escassez de água potável o especialista destacou municípios na fronteira com Peru e Colômbia, como Santo Antônio do Içá, Atalaia do Norte, onde as regiões têm dificuldade na coleta adequada e tratamento de água.

“São regiões que precisam ter um investimento maior da construção de poços artesianos, em uma política de sanitização da água, com tratamento de água e esgoto. Mesmo em Manaus, você tem bairros que sofrem com escassez de água e às vezes com períodos de desabastecimento. Então, mesmo nas cidades maiores, nós temos aí uma demanda por um serviço melhor de atendimento aí ao abastecimento de água”, reforçou o ambientalista.

Crise climática

Durante a COP 29, os participantes assinaram um acordo climático para combater a mitigação da crise climática. Onde países ricos devem doar aos países em desenvolvimento U$ 300 bilhões até 2035.

Segundo o especialista, as medidas para minimizar a intensidade do avanço da crise precisam acontecer em todas as esferas.

O Brasil está entre os maiores emissores de gás de efeito estufa, e, diferente de outros países, a alta concentração vem do desmatamento.

“Precisamos de ações de mitigação em relação ao desmatamento. Podemos trabalhar melhorando a produtividade rural nas áreas já desmatadas, evitando o desmatamento de novas áreas, principalmente na Amazônia, e fazer um trabalho de recuperação das áreas que foram desmatadas para recompor a cobertura florestal”, disse Durigan.

Durante a COP 21, realizada em Paris, na França, foi apresentado um estudo onde o aumento da temperatura em um grau e meio ocorreria em 2050, porém, esta elevação na temperatura mundial já está acontecendo em 2024.

“É necessária uma adaptação, por exemplo, o uso do fogo na agricultura e na pecuária, ele precisa ser uma adaptação para o nosso sistema produtivo, para a extinção do uso, na abertura de novas áreas ou para a renovação de pastagens”, pontuou o especialista.

 

 

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