Manaus, 3 de maio de 2024
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Manaus, 3 de maio de 2024

Política

Republicanos ‘namora’ Moro, Lula e pode prejudicar Silas Câmara

Com este impasse, ganha força a opção pela chamada 'neutralidade' na disputa presidencial, ao menos no primeiro turno

Republicanos ‘namora’ Moro, Lula e pode prejudicar Silas Câmara

BRASÍLIA, DF – O partido Republicanos poderá não garantir apoio à campanha de reeleição do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), agora em 2022. Isso porque a sigla já “flerta” com os nomes do ex-juiz Sergio Moro e do ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva (PT).

No Amazonas, o grande influenciado dessa briga pode ser o deputado Silas Câmara, fiel apoiador de Bolsonaro e responsável até por visitas do presidente ao Amazonas. A célebre foto da oração feita ao lado do presidente é uma prova disso.

Ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, a cúpula da legenda atua, agora, para contornar um racha provocado por parlamentares que não desejam se vincular à impopularidade do atual chefe do Executivo. Parte dos correligionários quer apoiar Lula, principalmente no Nordeste. Já outra ala do Republicanos vem se posicionando em direção ao ex-ministro da Justiça, Moro.

Com esse impasse, ganha força a opção pela chamada “neutralidade” na disputa presidencial, ao menos no primeiro turno. Mais do que uma bancada de apoio ao governo no Congresso, o Republicanos faz parte do primeiro escalão bolsonarista.

Além do ministro da Cidadania, João Roma, o partido do ”centrão” também emplacou apadrinhados em outros cargos, como na presidência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e numa diretoria do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

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Ex-Republicanos

O Republicanos abriga o vereador Carlos Bolsonaro (RJ), filho do presidente, e chegou a ter em seus quadros o senador Flávio Bolsonaro (RJ).

O próprio presidente disse que poderia se filiar ao partido, antes de se decidir pelo PL, de Valdemar Costa Neto. Desistiu da ideia, porém, ao saber que não teria controle sobre a legenda, dirigida pelo deputado Marcos Pereira (SP), ex-ministro da Indústria e Comércio Exterior e bispo licenciado da Universal.

Sob a gestão de Pereira, o Republicanos registrou crescimento da bancada na Câmara. Em um período de 16 anos, o partido saltou de 1 para 30 deputados federais eleitos. A meta, agora, é ultrapassar a casa dos 40.

O comando do partido não se entusiasma nem mesmo com candidaturas estimuladas pelo Palácio do Planalto, como a de João Roma ao governo da Bahia.

Nos bastidores, a avaliação interna é a de que o desgaste da imagem de Bolsonaro pode prejudicar esses palanques.

Visita

Em busca de adesões, Moro esteve ontem na sede do Republicanos, em São José do Rio Preto (SP). Na semana passada, a presidente do Podemos, Renata Abreu, também se reuniu com Marcos Pereira, em São Paulo. Ouviu que, neste momento, o partido ainda tem dificuldade em declarar apoio.

Mesmo assim, o consultor Guto Ferreira, ex-presidente da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), ligado ao Republicanos, foi “liberado” para se integrar à campanha do ex-juiz.

No Nordeste também há resistência à aliança com Bolsonaro e diretórios do partido já admitem acordo com Lula. Em Pernambuco, o Republicanos é chefiado pelo deputado Silvio Costa Filho, que apoia o governador Paulo Câmara (PSB), opositor de Bolsonaro.

Costa Filho tem feito críticas ao governo. No mês passado, elogiou as articulações para uma dobradinha entre Lula e o ex-governador Geraldo Alckmin.

“Essa unidade representa o sentimento de muitos que sonham com um país mais justo e mais solidário”, disse.

A tendência do Republicanos será declarar “neutralidade” para liberar os diretórios na campanha, Marcos Pereira disse que o assunto somente será resolvido mais adiante. “Nada está decidido ainda”, afirmou.

A Igreja Universal já apoiou governos do PT, mas nos últimos tempos tem feito duras críticas ao partido.

Um artigo publicado recentemente no site da Universal, assinado pelo bispo Renato Cardoso – genro de Edir Macedo – diz que “é impossível ser cristão e ser de esquerda”.

Na campanha de 2018, o PRB (atual Republicanos) aderiu à candidatura de Alckmin à Presidência. À época, o ex-governador estava no PSDB e ficou em quarto lugar. Hoje sem partido, Alckmin é cotado para vice na chapa de Lula.