Manaus, 18 de abril de 2024
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Manaus, 18 de abril de 2024

Brasil

Juiz de garantias custará R$ 1,16 bi aos cofres públicos, diz associação

O custo do juiz de garantias é estimado pela da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) que enviou ofício ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ)

Juiz de garantias custará R$ 1,16 bi aos cofres públicos, diz associação

A implantação do juiz de garantias vai custar pelo menos R$ 1,16 bilhão por ano aos cofres públicos.

A estimativa é da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que, em ofício enviado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), explicou que será preciso contratar mais de dois mil novos juízes.

Essas contratações vão assegurar o funcionamento do juiz de garantias no país – medida que ampliaria os gastos da Justiça brasileira.

No ofício enviado ao CNJ, a AMB lembra que o juiz de garantias prevê que um único processo será conduzido por dois juízes diferentes: um juiz será responsável pela coleta de provas e outro pela sentença do caso.

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E conclui que, por isso, é impossível aplicar esse dispositivo nas comarcas que hoje contam com apenas um juiz, como já disse o ministro da Justiça, Sergio Moro, que é contrário à medida sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.

“A Lei nº 13.964/2019 estabelece que os Tribunais instituirão rodízio de magistrados nas comarcas com apenas um juiz (art. 3º-D, parágrafo único, do CPP), tendo em vista que o Juiz das Garantias, em tese, estaria impedido de atuar na causa após o exaurimento de sua competência. Desse modo, pelo menos dois juízes deverão atuar em cada processo cuja denúncia for recebida, o que gera inúmeras dificuldades práticas”, lembra a AMB.

A associação ainda diz que a ideia de transferir juízes de uma comarca para outra quando necessário, como já foi cogitado, também geraria custos e ainda feriria o princípio da “inamovibilidade” do cargo de magistrado.

E conclui, portanto, que a implantação do juiz de garantias “depende de criação e provimento de mais cargos na magistratura, o que demandará, evidentemente, uma ampliação nas despesas do Poder Público”.

Base de dados

Com base nos números disponíveis sobre o sistema judicial brasileiro, a Associação dos Magistrados Brasileiros calcula, então, o custo dessa medida. A associação diz que, segundo relatório do CNJ, “a Justiça Estadual possui 1849 varas únicas ou situadas em localidades com apenas uma vara com competência criminal, enquanto a Justiça Federal possui 193 varas nas mesmas condições”.

E acrescenta: “o custo médio mensal dos magistrados estaduais e federais é, respectivamente, R$ 47.426,00 e R$ 49.118,00. Ao multiplicar tais valores pelas respectivas quantidades totais de varas, chega-se ao custo ao erário mensal e, posteriormente, anual cumulativo do provimento dos cargos em ambas as esferas do Poder Judiciário analisadas”.

Valores elevados

O valor aumentaria em pelo menos R$ 1,6 bilhão o custo anual da Justiça no Brasil.

“Importa ressaltar que essa consiste em uma estimativa conservadora, pois ignora despesas como aquelas referentes à realização de concurso público e posse dos novos magistrados”, afirma AMB.

“A metodologia utilizada apenas examina o mínimo de novos cargos de magistrados que precisam ser criados nas comarcas de vara única e seus respectivos gastos anuais, deixando de lado o universo das comarcas que possuem mais de uma vara criminal”, pondera a AMB.

Despesas novas

A associação ainda lembra que essa estimativa considera apenas as despesas dos novos magistrados. Também ignora, portanto, o custo dos assessores desses novos magistrados.

“Além de todas essas despesas com magistrados, o § 3º do art. 3º-C do CPP, incluído pela Lei n. º 13.964/2019, estabelece que os autos da investigação ficarão acautelados na secretaria do Juiz das Garantias.

A Lei também exige a presença de uma segunda secretaria judicial o que pede uma estrutura paralela de servidores, equipamentos e instalações físicas.

Evidentemente, essa circunstância contribui com a necessidade de ainda mais gastos”, argumenta.

(*) com informações do Congresso em Foco