Manaus, 29 de março de 2024
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Claudia Ohana lembra bastidores da novela ‘Vamp’, que estreia no Globoplay

Quando a novela "Vamp" estreou em 1991 foi um estrondoso sucesso, especialmente com o público infantojuvenil

Claudia Ohana lembra bastidores da novela ‘Vamp’, que estreia no Globoplay

Foto Gabriel Cabral/Folhapress

Quando a novela “Vamp” estreou em 1991 foi um estrondoso sucesso, especialmente com o público infantojuvenil. Na época, a Globo lançou um álbum de figurinhas da trama, que vinha com um brinde: uma dentadura de plástico imitando os dentes dos vampiros -vale a confissão: esta repórter, que tinha nove anos, se divertiu muito com o acessório.

Não era de plástico, mas a prótese que os atores usavam para interpretar as criaturas fantásticas não era lá das melhores. “Eram os dentes da frente com o canino do vampiro, o que deixava a gente dentuço e falando assim que nem a Mônica e o Cebolinha”, afirma Cláudia Ohana, 58, a protagonista Natasha, papel mais marcante da sua carreira. Só mais tarde, foi providenciado uma prótese só dos caninos. “Aí ficou perfeito.”

Na história escrita por Antônio Calmon, Natasha vende a alma ao conde Vladimir Polanski (em ótima atuação de Ney Latorraca), líder dos vampiros, em troca do sucesso como cantora. Conquista o sonho de ser uma roqueira famosa internacionalmente, mas não é feliz tendo de sugar o sangue de almas inocentes para sobreviver. Todo esse enredo poderá ser revisto a partir desta segunda (1º), no Globoplay, como parte do projeto da plataforma de resgatar novelas antigas.

Em entrevista ao F5, da Folha de S.Paulo, Ohana diz que começou a novela em um tom muito sério, inspirada em Mortícia Addams, personagem da clássica telecomédia “A Família Addams”. Ao se deparar com a atuação mais irreverente de Latorraca como o terrível -e muito engraçado- Vlad, ela percebeu que a novela caminhava para um tom mais divertido. Praticamente uma chanchada, como já revelou o autor Calmon.

“Ney começou a fazer piada em ser vampiro, a brincar com os dentes, a falar ‘gotoso’, a não falar a sério. Aí eu pensei: ‘Opa, é outra coisa’. Então, eu fui de Mortícia Addams para Penélope Charmosa dark”, afirma, aos risos. Curiosidade: Latorraca já contou que, inicialmente, foi convidado para participar apenas de nove capítulos da história, mas, com o sucesso de Vlad, não saiu mais e se tornou o maior destaque de “Vamp”.

Ohana lembra de dar muita risada durante as gravações, que é cercada de histórias inusitadas. Uma delas aconteceu na praça São Marcos, em Veneza. Natasha dançava “Sadeness Part 1”, do grupo Enigma, em meio aos pombos do local. Mas, durante as filmagens, a atriz e a equipe foram surpreendidos pela polícia italiana. Isso porque, as canções do conjunto tinham sido reprovadas pelo papa por misturar músicas sacras e profanas.

“A gente viajava sem muito esquema naquela época. E aí o Jorginho [o diretor Jorge Fernando] botou eu com o radinho e falou: ‘Vai lá, menina Ohana, dança lá na praça'”. Inicialmente, turistas pararam para vê-la fazendo a coreografia. “Eu comecei a dançar timidamente e depois fui me empolgando. O público começou a aplaudir, jogar dinheiro e eu me senti…Aí veio à polícia”, diverte-se. Apesar da confusão, a cena deu certo e se tornou antológica. Até hoje, ela afirma receber muitas gravações de fãs de “Vamp”, que vão até Veneza e dançam na praça.

Outra curiosidade é que, embora já tivesse cantado em outros trabalhos -como no filme “Ópera do Malandro”, de 1986- Daniel Filho, então diretor da Central Globo de Produção (CGP), queria que ela só dublasse as músicas de Natasha.

Ohana relata que instituiu em cantar. Jorge Fernando, então, a propôs um teste. “Eu cantei, e ele mostrou para Daniel falando que era uma cantora de jingle e tal. Daniel amou.” Interpretada pela atriz, “Sympathy for the Devil”, da banda The Rolling Stones, fez muito sucesso e se tornou o tema de Natasha.

O trabalho de Ohana em “Vamp” era intenso pela quantidade de cenas e de musicais que ela tinha para gravar. Nem uma lesão na perna a tirou da história. Ela torceu o pé durante as filmagens do clipe de “Quero que Vá Tudo pro Inferno”. Ficou engessada por um mês. “E ninguém percebe na novela. Não dava para parar. Tem cenas que eu era carregada de carrinho. Como efeito especial, parecia que a Natasha estava flutuando, mas era eu com a perna quebrada”, diz, aos risos.

A atriz afirma esperar que uma nova geração possa ver a novela no Globoplay. “É rock, é vampiro, só coisas que não morrem nunca.” E, depois do sucesso que o espetáculo “Vamp, o Musical” fez (com ela e Latorraca no elenco), Ohana diz acalentar o sonho de ainda ver uma continuação da trama em formato de série. “Seria maravilhoso.” As crianças e adolescentes dos anos 1990 agradeceriam.

(*) Com informações da Folhapress