Manaus, 24 de abril de 2024
×
Manaus, 24 de abril de 2024

Cidades

Com convênio milionário prestes a terminar, obras no Distrito Industrial são retomadas

A retomada ocorre a menos de um mês do fim do convênio firmado entre a Prefeitura de Manaus e a Suframa, em dezembro 2016

Com convênio milionário prestes a terminar, obras no Distrito Industrial são retomadas

Rua Mandii, Distrito Industrial (Foto: Márcio Silva/ Portal AM1)

MANAUS, AM – As obras de recuperação viária do Distrito Industrial, na zona leste de Manaus, foram retomadas na última segunda-feira (10). A volta dos trabalhos ocorre a menos de um mês do fim do convênio firmado entre a Prefeitura e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), em dezembro 2016. O custo atual das obras é de mais de R$ 117 milhões.

(Foto: Reprodução/ Instagram/ @marcosrottaoficial)

Com o prazo se esgotando, o prefeito de Manaus, David Almeida, o vice-prefeito e titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), Marcos Rotta, e o Superintendente da Suframa, general Algacir Polsin, se reuniram com os representantes das empresas responsáveis pelo serviço de pavimentação para tratar sobre a retomadas das obras, na última quinta-feira (6). As empresas responsáveis são a Ardo Construtora, Soma Ltda e Construtora Etam, que contam com a mão de obra de aproximadamente 100 funcionários.

Obras atrasadas

Por cousa da indefinição nas obras, algumas das principais ruas do Distrito continuam repletas de buracos e sem drenagem, problemas que deveriam ter sido solucionados pelo pacote de obras que, inicialmente, era de R$ 150 milhões. Desse valor, segundo a Suframa, R$ 100 milhões já foram repassados à prefeitura, após um reajuste dos preços.

(Foto: Márcio Silva/ Portal AM1)

“Ficou no total de R$117.420.829,31, que compreende os contratos com três construtoras, licitadas pela prefeitura, para revitalização de 35 vias do distrito com pavimentação, drenagem, calçada e meio-fio. A participação financeira do Governo Federal, por meio de emenda parlamentar de bancada, foi de R$ 100 milhões, já repassados à prefeitura”, explicou em nota. Os valores não foram atualizados no Portal da Transparência.

Saiba mais: Licitação de obras no lote 1 do Distrito Industrial aguarda aval da Suframa

Portal da Transparência

Esses recursos são oriundos de emendas parlamentares da bancada do Amazonas no Congresso Nacional e, inicialmente, contemplaram dois lotes de obras. Posteriormente, foi incluído um terceiro lote, para contemplar todas as vias do Distrito. De acordo com a superintendência, o restante do valor é contrapartida financeira do município.

O pacote de obras foi divido em três lotes. O primeiro, com aproximadamente 36 quilômetros de vias, entre as quais estão a bola da Suframa, as avenidas governador Danilo de Matos Areosa, Ministro João Gonçalves e Ministro Mário Andreazza, além das ruas Rio Quixito, Guaruba, Rio Jaguarão e Itaúba.

Já os lotes 2 e 3, agregam vias com nível leve e intermediário de criticidade, como as ruas Buriti, Tambaqui, Matrinxã, Tucumã, Poraquê, Jutaí, Mogno, Ipê, Cupiuba, Oitis, Autaz Mirim, Solimões e adjacentes, além das bolas da Gillette e Samsung.

Impasses

O convênio de R$ 150 milhões foi firmado no Termo de Compromisso nº 01/2016, pelo ex-prefeito Arthur Virgílio Neto, e a então superintendente da Suframa, Rebecca Garcia, e deveriam ter sido concluídas em abril de 2020, contudo, as obras passaram por uma série de paralisações. No convênio, a autarquia ficou responsável por fiscalizar as obras, e a prefeitura pela execução.

De acordo com o município, o motivo seriam entraves burocráticos, mas a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), que é responsável pelas obras, não explicou que entraves seriam esses.

A secretaria se limitou a dizer que, atualmente, 15 ruas já foram finalizadas e 50% dos trabalhos estão concluídos, entretanto, as obras estavam paralisadas por conta de “entraves administrativos” junto às empresas contratadas.

Conforme a Suframa, ao longo da execução das obras, várias alterações foram demandadas pelo órgão municipal, seja por questões técnicas, seja pelo impacto da pandemia de Covid-19, e a cada mudança dos projetos é necessário o envio à Suframa para análise e aval técnico.

Prejuízos para a população

A reportagem percorreu na última segunda-feira (3) as ruas Mandii e Matrinxã e constatou a presença de verdadeiras crateras na vias e poças de água geradas pela falta de drenagem. Quem convive com a situação diariamente relata as dificuldades geradas pela falta de infraestrutura. O que não falta são prejuízos.

O motorista Raimundo Uchôa (Foto: Márcio Silva/ Portal AM1)

“A nossa principal aqui que a gente roda, a Buriti tá deixando a desejar. Aqui, a gente encosta para deixar os passageiros e pra [sic]  deixar um passageiro é a maior dificuldade. Dirigir com essa buracada que tá [sic] aí não dá!”, disse o motorista de transporte alternativo, Raimundo Uchôa.

Uchôa que percorre diversas ruas do Distrito afirma que a manutenção dos veículos fica muito mais alta por conta dos prejuízos causados pelas ruas esburacadas. “Sem falar em alguns acidentes que acontecem. Sempre ela tá [sic]  cheia de buracos”, acrescentou.

Comerciante Paula da Silva (Foto: Márcio Silva/ Portal AM1)

Já para a comerciante Paula da Silva, 51, o mal cheiro proveniente de uma poça de água na rua Mandii é o que mais incomoda. “É muito ruim. Eu trabalho com comida e às vezes não tem nem cliente aqui para merendar por causa desse fedor, porque ninguém tá resolvendo!”, afirmou.

Assim como ela, a comerciante conhecida como ‘Sabá do Café’ também precisa conviver com o mal cheiro “insuportável” da rua. “Tá horrível, de vez em quando tem gente caindo nessa água, porque a água é empossada todo tempo. O mal cheiro é insuportável, a gente que trabalha com alimentação fica ruim. Esse cheiro tá incomodando muito e há mais de 2 meses tá assim”, disse.