O dólar saltou 2,21% nesta quarta-feira (24), a R$ 5,6380, com a piora da percepção do risco fiscal com a pressão de governadores por um auxílio emergencial maior, à medida que a pandemia bate recordes.
Também pesou a revisão do banco Morgan Stanley para o crescimento da economia brasileira de 4,3% para 3,5% em 2021, devido ao agravamento da crise sanitária, além da persistente incerteza fiscal e, agora, inflacionária.
Outro ponto negativo para o real foi a declaração da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, de que o país não teria dinheiro para saldar as dívidas com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
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Com o rali desta sessão, o dólar zerou as perdas acumuladas desde a semana passada, quando o Banco Central surpreendeu ao elevar os juros em ritmo mais forte que o imaginado.
“Existe um incômodo com fiscal, dívida e a pandemia em aceleração”, disse Joaquim Kokudai, gestor na JPP Capital. “A percepção do estrangeiro em relação ao Brasil realmente está ruim”, completou.
Evidência disso, segundo o gestor, foi mais um dia de salto nas taxas de juros futuros.
Juros futuros são taxas de juros esperadas pelo mercado nos próximos meses e anos. São a principal referência para o custo de empréstimos que são liberados atualmente, mas cuja quitação ocorrerá no futuro.
Em um sinal de aversão a risco do mercado e de alta da Selic no curto prazo, os juros futuros têm ficado mais altos.
O juro para janeiro de 2024 foi de 7,42% na véspera para 7,61% nesta quarta. A taxa de janeiro de 2027 foi de 8,43% para 8,70%.
Mesmo o Ibovespa, que resistiu em alta durante boa parte da sessão, acabou virando para queda de 1,06% no fechamento.
O mal-estar no mercado brasileiro também teve componente externo, já que as praças em Wall Street caíram e o dólar subiu frente a uma cesta de rivais, mas a intensidade das perdas aqui voltou a ser maior.
O real teve o pior desempenho dentre todas as divisas nesta quarta, e o Ibovespa contrariou o sinal da maioria de seus pares latino-americanos, que fechou em alta.
Na avaliação de profissionais do Barclays, o Brasil está hoje envolto na intensificação de três crises -aceleração da pandemia, deterioração de perspectivas de crescimento e crescente risco de ruptura fiscal-, com fator adicional vindo do ressurgimento do ex-presidente Lula na cena política.
O banco privado ainda vê chances de o real se apreciar no período de três a seis meses, mas estima que o alívio durará pouco, com a moeda voltando a sofrer no quarto trimestre à medida que discussões sobre o Orçamento de 2022 e o teto de gastos antes das eleições de 2022 ganhem tração. A previsão é que o dólar feche 2021 em R$ 5,50.
(*) Com informações da Folhapress
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