
(Foto: Divulgação/Freepik)
Manaus (AM) – O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou uma nova resolução que altera o processo para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A principal mudança é o fim da obrigatoriedade das aulas em autoescolas. Diante da nova regra, o Portal AM1 ouviu o professor e especialista em trânsito, Mario Ricardo Carvalho, que considera a decisão do Ministério dos Transportes e do Contran “um passo na direção contrária à educação de trânsito no Brasil”.
Segundo ele, a comparação com países que inspiraram o modelo, como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, é inadequada.
“Lá, crianças e adolescentes estudam temas relacionados à legislação de trânsito por cerca de 13 anos, inseridos na grade escolar. No Brasil, grande parte dos candidatos aprende apenas nas 45 horas de aula teórica oferecidas pelas autoescolas. Não há comparação possível”, afirmou.
O especialista aponta ainda que, para obter a CNH no Brasil, basta o candidato saber ler e escrever, além de fazer o curso teórico, que poderá ser totalmente em EAD, sem carga horária definida.
“Isso dificulta ainda mais para quem tem baixa escolaridade. E, mesmo com a carga horária atual, o curso prepara o candidato apenas para a prova do Detran, não para a vida como condutor”, disse.

(Foto: Divulgação/Arquivo pessoal)
Sobre as aulas práticas, Carvalho considera a mudança ainda mais preocupante.
“Reduzir de 20 horas obrigatórias para apenas duas horas práticas é, na minha avaliação, um retrocesso total”, completou.
Riscos e impactos na formação dos novos motoristas
O professor prevê dois cenários negativos: o de jovens que buscam a CNH apenas para dirigir ou trabalhar, sem desenvolver consciência e responsabilidade no trânsito, e o de candidatos com dificuldades de aprendizagem ou pouca habilidade ao volante.
“Esses últimos vão levar muito mais tempo para conseguir a CNH nesse novo modelo”, explicou.
Carvalho afirma que, embora não faça parte do segmento, as mudanças devem trazer forte impacto econômico.
“Essas medidas vão afetar direta e drasticamente o setor, podendo reduzir emissões e até levar muitas autoescolas à falência. É hora de o segmento se reinventar e se unir”, avaliou.
Recomendação aos futuros condutores
Diante das mudanças, o especialista reforça a necessidade de responsabilidade no trânsito.
“Recomendo que os futuros condutores tenham mais consciência ao dirigir. Planejem seu itinerário e reflitam sobre comportamentos de imprudência ou negligência. Um veículo mal conduzido pode se tornar uma arma”, concluiu.
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