Manaus, 19 de maio de 2024
×
Manaus, 19 de maio de 2024

Cidades

Indígena é morta a tiros após chamar homem que recusou sexo de ‘frouxo’

A indígena era artesã e saiu da aldeia há um mês.

Indígena é morta a tiros após chamar homem que recusou sexo de ‘frouxo’

Eronilda Gabriel, morta com 4 tiros em Campo Grande, era indígena e artesã. Família diz que versão de suspeito não condiz com comportamento da vítima. — Foto: Facebook/Reprodução

Uma mulher identificada como Eronilda Gabriel Mendonça, de 34 anos, foi baleada por um jovem, de 22 anos, que afirmou ter rejeitado sexo e depois ter sido chamado de “frouxo” morreu na noite de quinta-feira (24), dois dias após ter sido baleada. Ela estava internada na Santa Casa de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Eronilda Gabriel, morta com 4 tiros em Campo Grande, era indígena e artesã. Família diz que versão de suspeito não condiz com comportamento da vítima. — Foto: Facebook/Reprodução

De acordo com o hospital, ela estava instável desde a entrada no centro cirúrgico, foi transferida para o CTI e por volta das 19h (de MS), teve parada cardiorrespiratória e não resistiu.

Conforme o hospital, a mulher passou por cirurgia ortopédica e geral, teve problemas de pressão, passou mal, foi transferida para o CTI, morrendo horas depois. Ela foi baleada na bochecha esquerda, virilha, ombro esquerdo e panturrilha direita.

O suspeito do crime foi autuado em flagrante e continua preso. O rapaz que contou à polícia ter sido chamado de “frouxo” porque não quis fazer sexo com a vítima. Eles já tinham saído outras vezes juntos.

Segundo a polícia, o suspeito contou que estava armado e na hora da discussão, sacou a arma, que foi tomada pela mulher. Ele ainda disse que conseguiu pegar a arma novamente e, fora do carro, atirou contra a vítima, acertando as costas dela.

O revólver de calibre 38 usado no crime foi apreendido, carregado com cinco munições intactas e uma deflagrada.

O caso foi inicialmente registrado como tentativa de homicídio e está sob investigação da Delegacia de Atendimento Especializado da Mulher (Deam).

Jovem foi preso em flagrante e confessou atirar em mulher em MS — Foto: Polícia Militar/Divulgação

A mulher havia saído da aldeia há um mês

A mulher assassinada com 4 tiros por um homem a quem teria chamado de “frouxo” por recusar sexo em Campo Grande (MS), era indígena e artesã. O suspeito informou à polícia que estaria em um programa com a vítima, versão que é contestada pela família e pela sub-secretária estadual de políticas públicas para indígenas, Silvana Terena.

Silvana é amiga da família e conta que Eronilda Gabriel Mendonça, de 34 anos, era artesã e saiu da aldeia Água Azul, em Sidrolândia, para morar na capital há apenas 1 mês: “Ela era uma mulher alegre, sorridente, estava feliz por viver na cidade grande. Nós que a conhecemos, achamos que essa versão do suspeito não condiz com o comportamento dela. Acredito que foi uma forma dele justificar o que não tem justificativa”, afirma.

“Nós temos dois motivos para ter medo, somos mulheres e somos indígenas. Esse caso serve de alerta para a comunidade, para mostrar que a cidade é um lugar perigoso para quem tem costumes diferentes.

Silvana, que acompanhou a família da vítima, diz que a comunidade está abalada com o crime: “Ela era muito querida, atuante, sempre ajudou a todos. Veio para a capital tentar outra vida, ela tinha emprego fixo e fazia bijuterias de penas e sementes junto com a família, artesanato era a paixão dela. Isso tudo é muito triste”. O corpo está sendo levado para a aldeia Água Azul.

Ela afirma ainda que Eronilda não tinha um relacionamento com o homem, e que comentou com a família que estariam “se conhecendo”. Segundo Silvana, a família acredita que o suspeito poderia ter tentado fazer sexo à força com a vítima: “Ele atirou para matar, ninguém atira 4 vezes sem essa intenção. Acredito que seja o contrário do que ele alega. Se realmente não a quisesse, por que iria matá-la?”.

O suspeito de 22 anos, está preso. De acordo com a polícia, o jovem confessou o crime e disse que havia saído quatro vezes com a vítima. No último dia 22, o casal estava em um carro, no jardim Tijuca. Após a suposta cena em que o teria chamado de “frouxo”, Eronilda saiu do carro, e ele atirou 4 vezes contra ela, pelas costas. Os disparos acertaram rosto, virilha, ombro e panturrilha. O caso está sendo investigado como feminicídio.

Este é o segundo caso de feminicídio em MS no ano de 2019. O primeiro foi da merendeira Silvana Tertuliana, assassinada pelo namorado que não aceitava o fim do relacionamento. A pena para varia de doze a trinta anos de prisão.

*Informações retiradas do G1