Manaus, 3 de julho de 2024
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Manchete

Insatisfeitos com Bosco Saraiva, diretores da SSP entregam cargos

Insatisfeitos com Bosco Saraiva, diretores da SSP entregam cargos

Saraiva foi candidato a deputado federal no pleito de 2018. Foto: Divulgação

O secretário de Segurança Pública do Amazonas, Bosco Saraiva (SD), terá que lidar a insatisfação crescente dentro de alguns setores dentro da pasta. É o caso dos peritos, que estão há anos sem aumento e viram a aprovação do orçamento do Estado, de 2018, contemplar o pagamento da quarta parcela do escalonamento da Polícia Civil. Nesta terça-feira (9), o diretor do Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC) e diretores dos Institutos de Identificação e Médico Legal entregaram seus cargos e disseram que o setor está em um “abismo”.

Bosco é cotado para ser o candidato de Amazonino neste ano (Foto: Reprodução/Facebook)

De acordo com uma publicação do DPTC no Facebook, os diretores estão “cansados dos descasos com a criminalística do Amazonas”. Assinam o documento o diretor do DPTC, Jefferson Mendes de Holanda, o diretor do Instituto de Identificação, Ivanilson de Araújo Mota, e a diretora do Instituto Médico Legal, Maria Margareth Vidal.

De acordo com o gerente geral do DTPC, Joe Braga, são vários os problemas que levaram ao pedido de demissão, mas o estopim foi o descaso com o salário dos peritos, enquanto outros servidores da Polícia Civil receberam aumento de até 67% sobre seus vencimentos. “Investigador, delegado e escrivão estão recebendo aumento e os peritos, nada. Não tem como manter a equipe motivada”, afirmou.

O perito afirmou que mesmo uma greve não está descartada, mas será preciso decidir via sindicato. “Ninguém sabe mais o que fazer”, desabafou.

A insatisfação do pessoal de criminalística será um teste de fogo para Bosco Saraiva, cotado para ser o candidato de Amazonino Mendes nas eleições deste ano. O secretário e vice-governador tem sido o “homem forte” do governo desde o fim de 2017 e faz investimento em publicidade pessoal.

Problemas vêm se arrastando

O executivo explicou que os problemas na área de criminalística já se arrastam há um tempo. No massacre que ocorreu no início de 2017, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), por exemplo, os peritos se “desdobraram” e até houve quem tirasse dinheiro do próprio bolso – para ser ressarcido três meses depois – porque não havia equipamento suficiente.

“A gente podia ter mostrado como a perícia estava, mas a gente mostrou trabalho”, disse Joe Braga.

SSP ignora demandas e departamento recorre a convênios

No documento divulgado nesta quinta-feira, os diretores denunciam a carência de cédula de identidade e prontuários civis – “materiais básicos para a expedição de carteiras de identidade” -, solicitados em março e até agora sem retorno da SSP.

De acordo com o gerente geral, Joe Braga, como o DPTC não tem unidade orçamentária, parte dos recursos que seriam para o órgão são direcionados para outras áreas. “Não queremos autonomia financeira. Queremos ter como gerir os recursos”, afirmou.

Para suprir as demandas, o DPTC firmou parcerias com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), no valor de R$ 600 mil, com o Fundo de Promoção Social, no valor de R$ 1,7 milhão, com a Secretaria de Justiça, de R$ 210 mil, e com a Vara de Execuções de Medidas e Penas Alternativas (Vemepa), no valor de R$ 10 mil.

Apesar do esforço para conseguir os recursos extraordinários e iniciar os processos de aquisição de materiais, dos quase R$ 2,6 milhões angariados, será devolvido em torno de R$ 1,9 milhão. O motivo é que os setores na SSP responsáveis por dar continuidade aos processos não têm conhecimento técnico para realizar as catalogações, pesquisas mercadológicas e outras atividades, esgotando o prazo para a execução dos projetos e convênios.