Manaus, 28 de abril de 2024
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Brasil

Laboratório de análises clínicas guardava membros humanos em potes de comida

O material biológico era mergulhado em frascos de sorvete, paçocas e até recipiente de achocolatado

Laboratório de análises clínicas guardava membros humanos em potes de comida

(Foto: Divulgação/ SSP)

TOCANTINS – Em potes de sorvete, margarina e até de creme capilar, pedaços de corpos humanos eram irregularmente armazenados em um laboratório clandestino em Palmas. O local foi descoberto pela Polícia Civil do Tocantins, que deflagrou a Operação Nablus na manhã desta quarta-feira (11). O objetivo era cumprir 15 mandados de busca e apreensão.

O delegado da 1ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Deic) de Palmas, Evaldo de Oliveira Gomes, informou que os suspeitos faziam a abertura de empresas em nome de testas de ferro se passando por pessoas jurídicas.

De acordo com o delegado havia diversos laboratórios de fachada que só existiam no papel, todavia era realizado o repasse de pagamentos, mas os serviços não eram prestados. Nenhum deles possuía licença ou alvará por parte do poder público municipal e estadual.

(Foto: Divulgação/ SSP)

De acordo com o delegado, dentre as investigações, a situação mais precária foi a encontrada no laboratório clandestino no centro da cidade.

“São diversos materiais genéticos armazenados indevidamente que evidenciam fraudes em laudos laboratoriais e exames imprecisos, uma vez que as amostras estão em total desacordo com as normas sanitárias de armazenamento”, informou.

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Durante a Operação, a PC-TO encontrou no local, que é uma casa adaptada para o funcionamento do laboratório, diversas irregularidades: o material biológico era mergulhado em frascos de sorvete, paçocas, creme capilar e até recipiente de achocolatado.

Os potes de coleta de urina e fezes estavam mergulhados em um balde com uma substância líquida para serem lavados e posteriormente reaproveitados. Algumas seringas foram encontradas penduradas no teto do local. Além disso, os papéis de pedido dos exames estavam submersos dentro das próprias amostras.

Repasses milionários

Conforme levantamento do G1, o laboratório investigado recebeu mais de R$ 3 milhões durante parte do contrato com o governo do Tocantins. Levantamento feito no Portal da Transparência mostrou que a empresa Sicar Laboratórios recebeu o valor em pagamento pelos serviços entre os anos de 2017 e 2020. A defesa do laboratório disse que as condições foram causadas por problemas da antiga gerência e vai provar inocência da atual gestão.

Prisões

Três pessoas foram presas em flagrante, sendo o médico diretor técnico do laboratório clandestino, o responsável administrativo e a responsável técnica. 

Órgãos Fiscalizadores

O Conselho Regional de Medicina (CRM) informou que o laboratório não tem regularidade no CRM, o Conselho também fez a interdição ética do local, ou seja, nenhum médico poderá atuar no laboratório, sob pena de responsabilidade ética. A Vigilância Sanitária Municipal de Palmas também interditou o local que não possui licença municipal e estadual.

*Com informações da assessoria