Manaus, 19 de abril de 2024
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Manaus, 19 de abril de 2024

Cidades

Mãe e filha de 6 anos pedalam em ramal na zona Rural para ter acesso às aulas on-line

Junto com a mãe, a criança pedala pelo ramal da Comunidade São Francisco, no município de Iranduba, para conseguir assistir as aulas on-line

Mãe e filha de 6 anos pedalam em ramal na zona Rural para ter acesso às aulas on-line

Foto: Divulgação

MANAUS – Com uma grande sede de conhecimento, a pequena aluna Macsima Rivera, de seis anos, percorre um trajeto de 20 minutos de bicicleta, junt0 com a mãe, Taisa Rivera, para receber as aulas on-line da Escola SESI David Nóvoa Alvarez, no município de Iranduba (distante 36,8 quilômetros de Manaus). Ambas moram no ramal da Comunidade São Francisco, onde mora, no Km 6 da estrada do município. Para ter acesso à internet e conseguir acompanhar as aulas, mãe e filha pedalam de segunda a sexta-feira e consegue o sinal através de moradores do local. A mãe da aluna diz que, apesar das dificuldades de acesso às aulas, já consegue ver a evolução da filha com os estudos, no 1º ano, e a certeza de que vale o esforço.

“Utilizamos muito a bicicleta para assistir às aulas on-line no início do ramal onde consegui dois locais de acesso ao sinal da Internet. O problema é quando chove, porque os locais são abertos e a gente tem que driblar isso”, disse a dona de casa, ao relatar que leva mais de um celular para não perder aula, por conta da bateria. “Levamos dois celulares para lá, porque não tem tomada para recarregar e, se acabar a bateria, não temos como assistir às aulas”.

De acordo com a mãe, Macsima tem uma rotina regrada nos estudos. A pequena acompanha as aulas remotas do SESI pelo celular no ambiente virtual de aprendizagem on-line Plurall e também com o uso das ferramentas do Google For Education, como Google Classroom e Meet, além do Microsoft Teams, que também são utilizadas para encontros diários ao vivo com os professores e agendamento de provas e atividades.

Os professorem fazem envio do cronograma mensal e os pais costumam ter em média cinco disciplinas diárias, com interações e a realização das atividades no novo material didático. “Como esses dias de chuva têm feito bastante lama no ramal, não conseguimos ir de bicicleta e acaba que temos que ir andando para ter acesso à conexão das aulas no início do ramal”, detalha a mãe. “Se tornou rotina, mas sempre conversamos com a Macsima sobre essas condições e dizemos ‘Filha, você tem que valorizar os estudos, moramos em um lugar difícil, porém temos uma liberdade que não tem preço’, e desde pequena acho que ela vem crescendo com isso”, comenta Taisa.

Morando na zona rural há mais de sete anos, Taisa comenta que escolheu o local por ser mais seguro para criar a filha. “Aqui ela consegue crescer como uma criança deve ser”, argumenta. “Nessa era de tecnologia, conseguimos criar nossa filha sem nenhum vício em jogos online ou no celular. Ela usa para as aulas e estudos, porém, para brincar, prefere correr no quintal ou brincadeiras mais simples com outras crianças do ramal e sem uso de nenhuma tecnologia”.

Com a ansiedade para voltar às aulas presenciais, Macsima brinca em casa com sua mãe de dar aula para outros colegas da comunidade. Vivendo em uma área isolada e sem acesso à internet, a criança brinca com os amigos no quintal de casa fingindo ser professora e ajudando os colegas a ler e escrever. Antes do isolamento social, a pequena reuniu alguns amigos para orientar como aprender conceitos básicos de português e matemática.

“Foi algo tão natural que começou como uma brincadeira e agora recebo até doações de cadeiras, mesa e lousa. Começou em um dia depois de ela brincar com outras crianças do ramal, algumas até mais velhas que ela. A Macsima voltou para casa, pedindo para eu ajudar os amigos, porque mesmo tendo 10 e 11 anos não sabiam nem ler e nem escrever. Aos poucos fui ensinando, e ela é sempre minha auxiliar nas tarefas com os colegas”, ressaltou a mãe, ao dizer também que, por conta da pandemia, as atividades não estão mais acontecendo. “Paramos, mas a ideia é continuarmos assim que melhorar a situação”, pontuou Taisa.

(*) Com informações da assessoria