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Morte de ex-presidente Jiang Zemin coloca mais pressão sobre Xi Jinping

Agora, Xi terá o desafio de gerenciar o luto por Jiang enquanto tenta impedir que ele se torne um símbolo contra as impopulares medidas de seu governo

Morte de ex-presidente Jiang Zemin coloca mais pressão sobre Xi Jinping

A morte do ex-presidente chinês Jiang Zemin levou a uma enxurrada de homenagens online do povo chinês - (Foto: Getty imagens)

A morte do ex-presidente chinês Jiang Zemin, nessa quarta (30), aos 96 anos, levou a uma enxurrada de homenagens online do povo chinês e a inevitáveis comparações com o atual líder, Xi Jinping, que enfrenta amplas críticas por sua dura política contra a covid-19 e uma revolta pública em uma escala nunca vista desde o massacre da Praça Tiananmen, em 1989.

Agora, Xi terá o desafio de gerenciar o luto por Jiang enquanto tenta impedir que ele se torne um símbolo contra as impopulares medidas de seu governo.

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Ex-prefeito de Xangai, Jiang foi nomeado secretário-geral do Partido Comunista Chinês pelo então presidente, Deng Xiaoping, assumiu a presidência em 1993 e, ao deixar o poder em 2003, passou a ser considerado um dos maiores líderes chineses da História, sendo a figura de transição que enfrentou desafios geopolíticos e econômicos para conduzir a China ao posto de superpotência.

Massacre

Três semanas após Jiang assumir a chefia do PCC, em 1993, começaram os protestos pró-democracia, duramente reprimidos. Mas ele acabou ficando marcado na história da China pela recuperação da imagem do país nos anos seguintes ao massacre. Seguindo uma vertente econômica pró-mercado, Jiang conseguiu uma aproximação com o Ocidente que teve impacto geopolítico importante para o país.

Esse sucesso geopolítico de Jiang foi retroalimentado pelo boom econômico chinês. O país alcançou um patamar de crescimento inimaginável à época e superou a crise financeira asiática entre 1997 e 1998 e pavimentou o caminho para o país se tornar a 2.ª economia do mundo, superando potências como Japão e Alemanha, anos depois.

O atual presidente enfrenta dificuldades para lidar com o aumento dos casos de covid-19, apesar das restrições excepcionalmente rigorosas, e uma piora na situação econômica do país. Em comparação a Jiang, que não foi responsabilizado pelo massacre de 1989, pois era visto uma sombra de Deng, Xi vem sendo duramente criticado pela repressão aos protestos.

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As manifestações, inicialmente contra os lockdowns intermitentes que, segundo os manifestantes, impediram a recuperação econômica e o atendimento de doentes, logo escalaram para protestos contra o regime autocrático de Xi.

Restrições

Sob pressão, o governo chinês ordenou o levantamento de algumas restrições e a ampliação da vacinação de idosos, aparentemente tentando resolver discretamente as queixas mais comuns sobre as restrições anti-covid na China, que interromperam a vida, a escola e os negócios. Desde os protestos no fim de semana, os governos locais disseram que vão aliviar as restrições e impedir que os residentes fiquem trancados em suas casas por mais tempo do que o necessário para evitar a expansão de surtos.

Pequim reforçou ordens de “reprimir resolutamente todos os atos ilegais e criminosos que perturbam a ordem social”. Equipes e veículos de segurança pública cobriram possíveis locais de protesto. Os policiais estão vasculhando os telefones de moradores em busca de aplicativos proibidos e excluindo fotos de manifestações. As autoridades estão indo às casas dos possíveis manifestantes para alertá-los contra atividades ilegais e estão levando centenas para interrogatório. Os censores estão borrando símbolos e slogans de protesto das mídias sociais.

Repressão

A campanha está sendo realizada por um aparato de segurança que Xi modernizou em busca de um domínio inabalável. Ele expandiu as forças policiais, promoveu líderes de segurança leais e declarou que a “segurança política” – para ele e para o partido – deve ser o alicerce da segurança nacional.

Em anos anteriores, a intimidação das autoridades e a forte presença policial provavelmente teriam sido suficientes para extinguir qualquer protesto incipiente. Desta vez, alguns manifestantes prometem continuar pressionando o governo. Em grupos de mídia social que operam além do firewall de censura, eles trocam ideias para se movimentar em grupos menores e descobrem como rastrear informações sobre os movimentos da polícia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS).

(*) Com informações da Agência Estado