* Augusto Bernardo Cecílio
Milhões de refugiados tentam, a todo custo, entrar na Europa. Certamente as estatísticas já não mostram, com exatidão, a quantidade expressiva de vidas perdidas nessas tentativas.
Depois da 2ª Guerra Mundial, sem dúvida alguma, esta é a maior migração de refugiados que se observa no planeta. Mas, como entender o que está acontecendo no velho continente e o que isso tem a ver com a história iniciada no período das grandes navegações (séculos XV e XVI) e continuaram, séculos após, com o processo imperialista europeu na África e na Ásia, que eclodiu no século XIX.
Naquele primeiro momento de ocupação do território africano, Portugal e Espanha, a história revela, foram os protagonistas no que ficou denominado de Colonialismo. Portugal foi quem mais esteve presente no continente asiático, com possessões e exploração em Goa, Macau e Nagasaki.
Até o século XIX, a intervenção europeia restringia-se ao litoral africano na prática do tráfico de escravos. Logo, outras potências se interessaram pelas riquezas naturais como ouro, cobre, diamantes e promoveram a fragmentação das comunidades e culturas nativas, tirando proveito também de regiões estratégicas localizadas próximo ao mar Mediterrâneo.
O Neocolonialismo, desencadeado a partir da Conferência de Berlim (novembro/1884 a fevereiro/1885), liderada por Estados Unidos e Rússia foi o ponto de partida para se definir os critérios da dominação europeia sobre os continentes asiático e africano, conhecida como “Partilha da África” e “Partilha da Ásia”. Mais de 90% do território africano foi dominado por nações europeias, por conta do poderio militar e econômico. Nesta época, Bélgica, Portugal, Espanha, Alemanha e Itália desenvolveram políticas coloniais, entretanto, França e Inglaterra detinham os maiores impérios coloniais nos continentes ocupados.
Se buscarmos, um pouco mais, pela história mundial, o ciclo das grandes navegações abriram outro caminho para potencializar a exploração nas terras das especiarias. Naquela época, cruzar o Mar Mediterrâneo, no sentido inverso do que acontece na atualidade, tornou-se perigoso, não pelas condições precárias de navegabilidade, mas pela pirataria que saqueou, pilhou e matou por conta de interesses econômicos que cresciam naquela rota.
O que podemos estabelecer, de plano, é que a exploração desenfreada exercida pelas duas principais potências mundiais e mais quatorze países europeus signatários sobre os dois continentes sempre foram marcados, como não poderia ser diferente, pela violência.
Mesmo enfrentando forte resistência dos países colonizados, principalmente da China e do Japão, a expansão europeia venceu pelo aparato bélico, o que garantiu ao império britânico dominar 20% da superfície do planeta, onde vivia cerca de 23% da população mundial. Na África, os britânicos dominaram grande região onde se incluía a África do Sul, Rodésia, Tanganica, Quênia, Uganda e Sudão, além de exercerem influência sobre o Egito, onde controlavam o Canal de Suez.
A extração de diamantes e de ouro na África do Sul chegou a provocar guerra entre britânicos e africanos de origem holandesa. Na Ásia, o apogeu do imperialismo britânico se deu na Índia, cuja dominação vinha desde o século XVIII e estende-se por áreas que hoje correspondem desde a Índia, Paquistão e Bangladesh. Apesar dos indianos promoverem violenta revolta contra a exploração inglesa, em 1877, a Rainha Vitória foi coroada Imperatriz da Índia. (continua)
*O autor é auditor fiscal e professor
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