Após o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) ter criticado a imprensa, repreendido governadores e ter chamado de “histeria” as medidas adotadas em combate ao novo coronavírus, durante pronunciamento nacional, na noite de terça-feira, 24, parlamentares do Amazonas disseram que o momento é de preservação severa e que consideram a posição do presidente irresponsável.
“Essa fala do presidente da República mostra total irresponsabilidade de alguém que deveria estar comandando o país nesse momento tão difícil. Questionar as medidas que as autoridades da saúde estão tomando e orientando a população, põe em risco a vida de milhares de brasileiros”, criticou o deputado federal José Ricardo (PT).
Para o petista, o país precisa de prevenção na saúde e medidas que garantam emprego e renda, principalmente para os mais pobres.
“Uma renda mínima para os trabalhadores na informalidade; seguro desemprego para quem for perder devido à pandemia. Já dei entrada em projetos na Câmara Federal para amparar os trabalhadores. Lembrar que o coronavírus está avançando no Amazonas e já tivemos a primeira morte. O assunto é sério, não é brincadeira”, disse.
Marcelo Ramos (PL) disse ser angustiante ver o presidente Bolsonaro contradizer as orientações do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o que acaba confundindo a população.
“Quando mais precisamos de um líder que una o país, mais ouvimos um presidente que luta contra inimigos imaginários. O povo preocupado em salvar as pessoas e o presidente preocupado em acirrar disputas políticas. Além disso, é angustiante o presidente contraditando o ministro Mandetta, o que confunde a população num momento que precisamos de segurança”, lamentou Marcelo Ramos.
O senador Eduardo Braga (MDB) compartilhou em suas redes sociais a manifestação do presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP), que disse considerar grave o posicionamento do presidente de ataque à imprensa e às medidas contra a covid-19, “Assino embaixo”, afirmou Braga.
“Não está à altura do cargo”
O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro não está à altura do cargo.
“Acho que Bolsonaro é um irresponsável que não está à altura do cargo que exerce. No momento em que é preciso seguir a orientação sanitária partida dos cientistas, médicos, partida, inclusive, do seu próprio ministro da Saúde, que é um homem competente e preparado. Não entendo como ele não entregou o cargo. Talvez pelo seu alto espírito de brasilidade. Se o ministro deixasse o cargo, talvez fosse colocado um maluco igual ao presidente e tudo ficaria pior”, disse Serafim.
Momento de preservação
O presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, deputado Josué Neto (sem partido), afirmou que o momento não é de histeria, mas de preservação severa.
“Quanto mais cedo promovermos o isolamento social, mais cedo voltamos ao normal e a economia volta a crescer”, defendeu Josué.
Para a líder do governo Wilson Lima, deputada Joana Darc (PL), o posicionamento do presidente sobre o coronavírus foi incoerente, contrariando todos os pesquisadores e especialistas em saúde pública.
“Temos exemplos trágicos de países que não combateram o vírus desde o início, como a Itália, e que hoje sofre com a disseminação da doença e muitas mortes, principalmente daqueles com mais de 60 anos. Acredito que os governadores e prefeitos estejam trabalhando da melhor forma para combater a pandemia e neste momento, a melhor solução, é sim ficar em casa”, disse Joana.
“Por mais que as consequências, principalmente econômicas, sejam alarmantes, o mais importante é a saúde do nosso povo. É preciso conter agora, para que não piore depois. A prioridade do presidente deve ser a saúde dos brasileiros e não as polêmicas que permeiam sua vida pessoal e política, concluiu a deputada.
Panos quentes
O deputado federal delegado Pablo (PSL), da base de apoio de Bolsonaro, não comentou diretamente o pronunciamento do presidente e preferiu um tom conciliador.
“Em época de emergência de saúde do coronavírus, sou extremamente preocupado com os empregos atingidos, com as empresas impactadas e com a economia brasileira que será afetada. Medidas efetivas dos governantes devem ser implementadas em favor dos trabalhadores e dos empregadores, pois esse é o papel do Governo em tempo de dificuldades”, comentou.
“No entanto, a vida deve estar no foco central e não posso minimizar os riscos de uma doença que atingiu o mundo todo”, ressaltou.
“Ações de atenção à saúde e de socorro à economia devem estar de mãos dadas, pelo bem de todos, hoje e depois que for debelada a pandemia”, finalizou o deputado.
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