Manaus, 25 de abril de 2024
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Cidades

Reinfecção por covid-19 é possível? Médico amazonense explica

Novos quadros de covid-19 podem acontecer por causa da variante P.1. Medidas de higiene e distanciamento podem prevenir reinfecção

Reinfecção por covid-19 é possível? Médico amazonense explica

Foto: Márcio Silva/Amazonas1

Manaus – A segunda onda de casos da covid-19 no Amazonas levantou uma nova preocupação sanitária. Afinal, é possível se infectar mais uma vez pelo coronavírus e desenvolver a doença mais uma vez, ainda que seja em um estágio mais brando ou ainda pior?

Especialistas apontam que sim, é possível. De acordo com o médico infectologista Nelson Barbosa, a imunização após um quadro de covid-19 não é permanente e, por isso, pode haver reinfecção.

“O que nós não sabemos é se isso pode acontecer com a mesma cepa. A covid é uma doença nova, e nós ainda não temos todo o domínio científico dela. Só o que sabemos é que grande parte dos quadros de reinfecção estão acontecendo pela variante P1”, explica o especialista, que trabalha no Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto, em Manaus.

Leia mais: FVS-AM confirma que casos de reinfecção pelo novo coronavírus são da variante P.1

Conforme um estudo da Fiocruz Amazônia, em janeiro de 2021, a variante P.1 foi a causa de 91% dos casos de covid-19 no Amazonas. A mutação também pode ter sido a causa da reinfecção da influenciadora digital e tatuadora Suelen Cosli, de 30 anos. Ela conta que foi infectada pela primeira vez em novembro de 2020. Na primeira infecção, o quadro da doença foi mais leve.

“Eu suspeitei por conta da febre, garganta inflamada e diarreia. Fiz o exame de sorologia depois de 15 dias e deu positivo. Mas os sintomas duraram cerca de uma semana ou menos e foram bem leves”, relembra.

Reinfecção

O segundo quadro de infecção, entretanto, foi muito pior. Suelen lembra que os sintomas começaram no dia 5 de janeiro de 2021, e ao contrário da primeira vez, a reinfecção foi muito pior. Para ela, como houve um curto espaço de tempo entre os dois quadros e o segundo foi mais intenso, a reinfecção foi pela nova variante.

“Tive todos os sintomas, menos perda de olfato e paladar. A dificuldade pra respirar começou devagar, e só decidi ir no hospital quando consegui um oxímetro e vi que a saturação estava em 89. Isso aconteceu no dia 10, e eu já estava há dois dias sem comer quase nada porque não conseguia colocar nada pra dentro”, relembra.

A tatuadora Suelen Cosli, de 30 anos, passou por um caso de reinfecção em janeiro de 2021. Foto: Arquivo pessoal

A internação de Suelen durou nove dias. Nesse período, ela precisou usar fralda por não conseguir andar, e teve que ser alimentada pela mãe, com muita dificuldade.

“Nos primeiros dias, eu fiquei bem dependente de oxigênio, mas graças a Deus, não precisei ser entubada. Saí do hospital com nove quilos a menos, e sem conseguir andar mais do que alguns passos. Ainda andando pouco, suava e sentia muito cansaço. Foi tudo realmente muito pesado”, conta.

Medidas de prevenção

Para Nelson Barbosa, a reinfecção é como se o vírus vestisse uma nova roupa. Segundo ele, por causa da mutação do coronavírus e do surgimento da variante P1, originária do Amazonas. O médico também explica que é preciso vacinar cerca de 70% da população para que os riscos de reinfecção diminuam.

“O vírus pode reinfectar uma pessoa que não tenha sido infectada por esta mutação. Então, se não houver uma vacinação em massa da população amazonense ou brasileira, pode aparecer uma nova mutação e acometer quem ainda não foi infectado, ou que foram infectados pela P1 e não foram vacinados”, explica o infectologista.

Barbosa também alerta que a imunização após a doença não é permanente, e que por isso, é preciso manter as medidas de prevenção básicas. Higienizar as mãos com álcool em gel ou água e sabão, evitar aglomerações e manter o distanciamento social podem ajudar a prevenir a doença.

“Estas medidas são universais e as mais importantes para conter o vírus. Mesmo que as pessoas tomem a vacina, ainda que tenham covid, apresentarão a doença na forma leve. Ainda assim, só o fato de ficar doente já é algo desagradável. Por isso, mesmo vacinado, é preciso manter a prevenção”, completa.