Manaus, 17 de maio de 2024
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Manaus, 17 de maio de 2024

Cidades

Relatório de inteligência já apontava risco de massacre em presídios

Conforme a Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas, um plano de contingência foi montado, após o documento ser recebido.

Relatório de inteligência já apontava risco de massacre em presídios

(Divulgação)

Quatro dias antes do massacre que vitimou 55 detentos, um relatório interno da Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas (Seap) apontou que já havia risco de mortes dentro dos presídios. Vinte presos estariam marcados para morrer. As informações foram divulgadas pelo Jornal das Dez, do Globo News.

Segundo o secretário de administração penitenciária, Coronel Vinicius Almeida, os detentos que morreram já eram monitorados por uma equipe de inteligência. Um plano de contingência foi montado pela Seap, após o documento ser recebido.

O Compaj foi palco de um massacre em Manaus – foto: (Divulgação)

O relatório indicava evidências e informações sobre uma possível declaração de guerra interna dentro de uma facção criminosa local. Os mortos entre o último domingo, 26, e segunda, 27, pertenciam a uma organização criminosa, e a briga que resultou na chacina foi por disputa de lideranças internas.

Ainda, segundo o jornal, o trás a informação de que o foco da ‘ação’ seria o Centro de Detenção Provisório Masculino I (CDPM I). O secretário da Seap informou que o Governo do Amazonas não reconhece facções criminosas.

Conforme nota da Seap, um plano de contingência foi adotado para monitorar e controlar um possível confronto.

Leia a nota da Seap na íntegra:

“A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) informa que já dispunha de informações do setor de inteligência do Estado, também apontadas no relatório do Depen, sobre um racha entre integrantes de um mesmo grupo criminoso e a iminência de confronto no CDPM 1. Por conta disso, a Seap montou um plano de contingência desde a última quinta-feira (23/05) e, se antecipando à informação de possível confronto, a Seap fez transferência de presos que seriam possíveis vítimas do CDPM 1 para outras unidades, e manteve de prontidão o Grupo de Intervenção Penitenciária (GIP) para qualquer outra alteração nas demais unidades do sistema.

No domingo (26/05), assim que identificada briga entre detentos em dois pavilhões do Compaj, o GIP foi imediatamente acionado e, em três minutos, começou a atuar na contenção dos confrontos, não tendo evitado mortes que ocorreram em celas, antes do acionamento do GIP, por asfixia, bem como a ação rápida de alguns detentos com estoques feitos com escovas de dentes.

Em paralelo, as forças de segurança iniciaram, de imediato, uma varredura nos demais presídios, a partir de informações da inteligência de que haveria retaliações às mortes do domingo. Desta forma, a Seap, o GIP e demais forças especializadas da Polícia Militar identificaram outras possíveis vítimas, transferindo de celas e pavilhões cerca de 200 presos ameaçados. Na segunda-feira, os detentos de todas as unidades prisionais estavam trancados nas celas e as visitas foram suspensas. As 40 mortes aconteceram dentro das celas, todas por asfixia, dificultando a atuação imediata do GIP.

O Governo do Amazonas ressalta, ainda, que a melhoria do controle do sistema prisional é o uma preocupação desde o início desta administração. Em cinco meses de 2019, o Governo agiu para melhorar o controle do sistema prisional ao criar o Grupo de Intervenção Penitenciária e o reforço nas revistas, o que foi um grande avanço, se comparado com o massacre de 2017, quando os presos tinham armas e celulares, as ocorrências neste ano não envolveram armas, o que comprova que as revistas e o controle estão sendo mais eficazes.

Além disso, o Estado implantou o sistema de Teleaudiências, evitando o transporte de presos para audiências fora dos presídios, reduzindo custo e aumentando a segurança, e construiu gaiolas de contenção e de travas automatizadas no Compaj, como medida de segurança e prevenção em motins.”