Manaus, 3 de julho de 2025
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Manaus, 3 de julho de 2025

Economia

População já sente os impactos da seca com alta no preço de produtos regionais

A alta pode estar relacionada ao fato de que nem os rios e nem os plantios puderam se recuperar da seca de 2023, que foi a maior da história do Amazonas.

População já sente os impactos da seca com alta no preço de produtos regionais

(Foto: Celso Maia/ Portal AM1)

Manaus (AM) – A severa estiagem que atinge os rios do Amazonas está dificultando o transporte de alimentos e outros produtos nos principais municípios do estado. Nas feiras de Manaus, como a Feira do Produtor, comerciantes e consumidores já sentem os impactos da seca com a escassez de produtos e o aumento expressivo dos preços. Segundo relatos dos comerciantes ao Portal AM1, o preço do frete foi o fator que mais contribuiu para o encarecimento dos produtos.

O baixo nível das águas em rios como o Madeira e o Purus, importantes vias fluviais da região, tem causado uma série de desafios logísticos. Na Feira da Manaus Moderna, por exemplo, os feirantes enfrentam dificuldades tanto para receber mercadorias quanto para manter os preços acessíveis aos consumidores.

 

(Foto: Celso Maia/ Portal AM1)

A empreendedora Helena Figueiredo, dona de uma banca de frutas, destacou que a estiagem afetou diretamente sua atividade comercial. “Está muito difícil. Os cocos estão escassos e o frete encareceu. Tentamos trazer coco da Bahia, mas o custo é muito alto. O litro do coco que vendíamos por R$ 10, hoje está a R$ 20, e isso sem lucro”, relatou.

Helena também apontou que, embora a Prefeitura de Manaus esteja apoiando os feirantes, a solução para o problema passaria por uma melhoria na infraestrutura, como a conclusão da BR-319. “O frete está muito caro e a seca impede que o produtor produza, prejudicando todos”, lamentou.

Clientes reclamam

(Foto: Celso Maia/ Portal AM1)

A feirante Celina Nascimento, que há 40 anos trabalha na feira, também ressaltou as dificuldades enfrentadas. “Não tem mercadoria por causa da seca. Os preços aumentaram e os clientes reclamam. O mamão, por exemplo, dobrou de preço e o custo do frete disparou. Antes pagávamos R$ 5 pelo carreto; hoje, está R$ 10”, afirmou.

Preços em alta

A estiagem amazônica tem um impacto significativo nos preços dos produtos regionais e afeta tanto os produtores rurais, revendedores e consumidores. Como mencionado anteriormente, a baixa dos rios dificulta o transporte fluvial, principal via para o escoamento de mercadorias na região, e isso leva a atrasos na entrega dos produtos.

Como o tráfego até à mesa do consumidor é mais demorado nessa época, aumenta os custos de transporte, refletindo diretamente no preço final dos produtos. Produtos como frutas, peixes e outros itens alimentares típicos da região se tornam mais caros devido à escassez e à dificuldade de transporte.

A caixa de mamão de 20 quilos, por exemplo, custava R$ 40 antes desse período, mas agora sai por R$ 60, segundo os feirantes. Outros produtos também apresentaram elevação significativa como a caixa de repolho que está custando R$ 100; a de abacate também está saindo a R$ 100; a de tangerina a R$ 160.

Já o tucumã, muito utilizado no café da manhã, seja como recheio no tradicional X-caboquinho ou na tapioca, está saindo a R$ a 130 a saca. Mas segundo os feirantes, esse preço não é de agora, mas desde o mês de maio. A alta pode estar relacionada ao fato de que a seca de 2023 foi a maior da história do Amazonas, que até os dias atuais, nem os rios e nem os plantios tiveram tempo suficiente para se recuperarem.

Produtos como manga, pera e uva também registraram alta, afetando diretamente o orçamento das famílias manauaras.

Impacto no bolso do consumidor

Os consumidores são os mais atingidos pelos preços elevados. Roney de Oliveira, um dos frequentadores da feira, lamentou: “Quem comprava uma alface por R$ 2,50, hoje paga R$ 5,00. Os produtos regionais ficaram muito caros”.

(Foto: Celso Maia/ Portal AM1)

Irelane Farias, natural de São Sebastião do Uatumã, tem uma percepção diferente: “Em Manaus, os preços ainda estão mais em conta que no meu município; mas com a seca, é provável que tudo suba por aqui também”, afirmou.

(Foto: Celso Maia/ Portal AM1)

Recomendações econômicas

A economista Michele Lins Aracaty complementou, explicando que a estiagem afeta a oferta de produtos, provocando escassez e, consequentemente, aumento de preços. “Com o modal fluvial prejudicado, os fretes ficam mais caros e os produtos demoram mais para chegar. A expectativa é que os preços continuem subindo nos próximos meses”, alertou.

Como alternativa, a economista sugere que os consumidores pesquisem preços e considerem a substituição de itens por outros equivalentes até que a situação da estiagem seja superada.

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