
(Foto: Marina Ramos & Bruno Spada/Câmara dos Deputados)
Manaus (AM) –O líder do Partido Democrático Trabalhista (PDT) na Câmara dos Deputados, Mário Heringer, afirmou em entrevista à CNN Brasil que não se pode ter “políticos de estimação”, especialmente em discussões envolvendo suspeitas de fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A declaração foi feita durante entrevista em que também participou o deputado Capitão Alberto Neto (PL).
A participação dos parlamentares ocorreu durante um quadro da emissora que promove o debate entre deputados com visões divergentes sobre temas políticos. Na ocasião, o tema em foco foi a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre irregularidades no INSS.
Heringer, líder na Câmara de um partido atualmente classificado como “independente” após a saída do ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, movimento que afastou o PDT da base do governo, defendeu que as investigações sobre fraudes no INSS devem identificar os responsáveis, e não se limitar a “níveis superiores”, como governos presidenciais.
Pandemia e fraudes
Durante a entrevista, Capitão Alberto Neto voltou a se manifestar sobre reportagens que associaram seu nome a suposta facilitação de fraudes no INSS. O parlamentar foi relator da Medida Provisória nº 1006/2020, editada durante a pandemia, e afirmou que a proposta visava ampliar o crédito consignado para beneficiários da Previdência.
Capitão Alberto Neto, por sua vez, alegou que a “esquerda” teria proposto uma emenda à mesma medida provisória para ampliar o prazo de recadastramento obrigatório dos beneficiários do INSS. A mudança postergaria a revalidação periódica para 31 de dezembro de 2022, com possibilidade de prorrogação por mais um ano. Segundo ele, acatou as emendas como parte das negociações para viabilizar a aprovação da proposta.
Embora tenha declarado desconhecer, à época, a existência de fraudes, Alberto Neto afirmou que o governo Bolsonaro buscava alternativas para combater os esquemas ilícitos.
“Chega em 2021: eu sou o relator da Medida Provisória 1006. E entra a ‘esquerda’ com outra emenda para alargar, mais uma vez, o recadastramento. Eu falei: “Ok, estamos em uma pandemia. Não faz sentido recadastrar os aposentados no meio da pandemia.” Para mim, fazia sentido naquele momento, por desconhecer que existiam os esquemas fraudulentos. […] E, a todo momento, o governo Bolsonaro procurava ferramentas para tentar parar com essa ‘pouca-vergonha’ e a ‘crueldade’ de roubar os aposentados”, disse Alberto Neto.
Ainda segundo Alberto Neto, os indícios de fraude no INSS remontam ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele destacou que entre as gestões de Dilma e Lula, também exerceram a presidência Michel Temer e Jair Bolsonaro. Apesar disso, o parlamentar procurou dar ênfase à atual gestão nas investigações.
“A fraude, quando a gente olha desde o governo da Dilma, parece que sempre existiu. Analisando agora, tendo conhecimento da fraude…”, disse o deputado federal Alberto Neto durante a entrevista.
Alberto Neto também acusou a atual gestão do INSS, sob o comando de Alessandro Stefanutto — indicado ao cargo em julho de 2023 — de protagonizar uma “indústria de cobrança indevida” no governo Lula.
Contra políticos de estimação
Após a fala do deputado do PL, a jornalista que mediava o debate questionou de que lado o PDT se posicionaria em uma eventual CPMI. Em resposta, Mário Heringer utilizou o exemplo de Alberto Neto na relatoria da medida provisória para argumentar que pessoas que desconheciam o esquema não podem ser responsabilizadas. A fala também teve como objetivo defender Carlos Lupi, ex-ministro do Trabalho.
“As pessoas que não sabem não podem ter culpa, e não podem ter responsabilidade. É dentro dessa ótica que começamos a trabalhar na proteção do nosso ministro [Carlos Lupi], porque sabíamos que ele não sabia. Tenho certeza de que muitos não sabiam [da fraude no INSS]. Já disse, e repito, que essa contaminação vem de longa data. Não adianta trocar a cabeça se não mexer no esquema.”, disse Alberto Neto.
Por fim, o líder do PDT reforçou que o foco das investigações deve ser nos responsáveis diretos, e não nas figuras da presidência da República.
“Eu não estou buscando no passado exatamente para culpabilizar Bolsonaro ou Lula. Não sou do partido de nenhum dos dois. Estou em uma condição de independência. […] Porém, se nós, políticos que queremos ser sérios, continuarmos tendo políticos de estimação, isso vai ser muito feio. Precisamos ver onde está o roubo, quem são as pessoas que cometeram, por que cometeram, onde está o dinheiro. Porque, se isso passar para o nível superior, passa a ser uma guerra de bugios”, concluiu.
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