Manaus, 28 de março de 2024
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Cidades

Atlas da Violência 2019 destaca a guerra entre facções no AM

Chacina no Compaj, em 2017, onde resultou na morte de 56 detentos, consta no relatório divulgado pelo Ipea

Atlas da Violência 2019 destaca a guerra entre facções no AM

O Estado do Amazonas foi destaque de forma negativa no Atlas da Violência 2019  no quesito homicídio entre jovens e adultos. A publicação do atlas tem como base o ano de 2017, com dados oficiais do Ministério da Saúde, e foi divulgado nesta quarta-feira, 5, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os dados apontam que 59,1% do total de mortes são de homens entre 15 e 19 anos.

Os dados também refletem o quanto o crime organizado e a disputa por área, entre as facções criminosas Família do Norte (FDN), na época ainda como aliada do Comando Vermelho (CV), e o Primeiro Comando da Capital (PCC),  influenciaram no crescimento da letalidade.

O relatório lembra da rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no dia 1º de janeiro de 2017, que resultou em 56 mortes, com algumas vítimas decapitadas, numa guerra no presídio entre membros da FDN e PCC. O massacre, na época, causou uma repercussão internacional. O atlas aponta, também, que no dia 14 de janeiro do mesmo ano, outros 26 detentos no Rio Grande do Norte foram mortos numa briga entre PCC e o Sindicado do Crime (CDC), aliado do CV. Na época, outros episódios de violência atingiram o sistema penitenciário de Roraima, Paraíba, Alagoas, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Naquele ano, a taxa de homicídio no Amazonas ficou entre 39-62,9 homicídios por 100 mil habitantes, ficando atrás de estados como o Pará e Rio Grande do Norte e Ceará, que tiveram 49-62,9 mil homicídios por 100 mil habitantes.

O atlas mostra que em 2017 no Brasil houve 65.602 homicídios, conforme os dados oficiais do Sistema de Informações sobre a Mortalidade, no Ministério da Saúde, representando o maior nível histórico de mortalidade violenta internacional no país. Apesar do aumento do índice de homicídios, houve uma pequena diminuição dos casos nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e estabilidade na região Sul. O crescimento acentuado foi no Norte e Nordeste.

A guerra entre as facções no Norte e Nordeste estão entre as prováveis causas no aumento de homicídios nos últimos dois anos, relatados no Atlas da Violência, entre as maiores facções criminosas do País, PCC e CV, e seus aliados regionais, como a Família do Norte (AM), Guardiões do Estado (CE), Okaida (PB), Estados Unidos (PB) e Sindicato do Crime (RN).

Em relação ao Amazonas, o Atlas informa que há dez anos o Estado tinha uma taxa de homicídios abaixo da média nacional e que de lá para cá praticamente dobrou, aumentando, consequentemente, os casos de violência na Região Metropolitana de Manaus, acompanhando o processo nacional de interiorização do crime. A posição geográfica do Estado, na qual faz fronteira com Colômbia, Peru e Venezuela, é uma área estratégica para o escoamento de drogas e a disputa por facções, como o PCC e a Família do Norte.