Manaus, 25 de abril de 2024
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Cidades

Moradores do distrito de Cacau Pirêra vão ‘comemorar’ o Natal reféns do medo

Desde a inauguração da ponte Phelippe Daou, que trouxe também o aumento da insegurança à área, comunitários temem festejar datas comemorativas nas ruas

Moradores do distrito de Cacau Pirêra vão ‘comemorar’ o Natal reféns do medo

Vendedor de peixe da comunidade ribeirinha de Cacau Pirêra (Fotos: Márcio Silva - Agência Amazonas1)

Distrito do município de Iranduba, distante a 27 quilômetros de Manaus, Cacau Pirêra vem experimentando os efeitos do advento da ponte jornalista Phelippe Daou, inaugurada em outubro de 2011, há 8 anos. Mas, esses efeitos têm sido negativos, com o crescimento da violência e da insegurança na comunidade, em que moradores se queixam do esquecimento por parte das autoridades.

Diante deste cenário, festas como o Natal, por exemplo, que antes era motivo para reunir a vizinhança nas ruas do distrito, agora perdeu espaço para o medo.

Moradores de casa flutuante da comunidade de Cacau Pirêra /Fotos: Márcio Silva – Agência Amazonas1

“É melhor ficar dentro de casa, no quintal, do que na rua mesmo do que está exposta ao perigo”, diz Maria José, comerciante da Feira Municipal do Cacau Pirêra. Ela comenta que tem medo de acontecer com eles, o mesmo que aconteceu após a rebeliões nos presídios de Manaus, de criminosos saírem pelas ruas armados e atirando para todos os lados.

Maria tem um filho de 3 anos que acredita em Papai Noel. Segundo ela, é um dos meios para maquiar a realidade, que ela prefere que ele continue acreditando na magia do Natal. “Ele não sabe como é a realidade da vida. É bom que ele pense desse jeito”, disse.

Maria José e seu filho de 3 anos esperando o dia de comemorar o Natal chegar/Fotos: Márcio Silva – Agência Amazonas1

Abandono e insegurança

A Polícia Civil (PC) do Amazonas reativou no dia 16 de outubro de 2017 o Posto Policial Integrado (PPI) com uma equipe de policiais civis, no Distrito de Cacau Pirêra, subordinado à 31ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), segundo informações do site oficial do Amazonas. Porém, mesmo com o 31ª DIP, os moradores sentem medo de sair de casa por conta das grandes ondas de crimes pela área.

Além de denúncias do avanço da violência, a reportagem do Amazonas1 recebeu reclamações da falta de assistência médica. Dona Socorro, de 59 anos, se emocionou ao falar do seu pai que faleceu há 4 meses por não chegar a tempo no hospital. “Fomos de canoa, aí um rapaz emprestou o carro e levamos ele pro Joventina Dias, na Compensa, chegando lá ele faleceu”, disse, triste a filha.

Dona Socorro também informou que não tem medicamentos e uma ambulância para prestar socorro aos moradores, sendo que a maioria são de idosos e crianças. A mãe da dona Socorro possui o Mal de Alzheimer e precisa vir do interior pro Cacau Pirêra, e sente muita dificuldade pra chegar na casa da mãe que é um flutuante.

Esses são alguns dos problemas que os moradores de Cacau Pirêra vêm enfrentado nesses últimos anos. Esse Natal vai ser comemorado com medo e dentro de casa, por causa da criminalidade que só tem aumentado na área.