Manaus, 1 de junho de 2024
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Cidades

Pesquisadores constatam primeira gravidez de peixe-boi reabilitada no INPA

Pesquisadores estimam que o filhote deve nascer até junho, no período de enchente do rio Purus

Pesquisadores constatam primeira gravidez de peixe-boi reabilitada no INPA

Pela primeira vez, pesquisadores constataram gravidez em peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis) reintroduzida à natureza. A fêmea “Baré” chegou ainda filhote ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), em Manaus, onde passou 16 anos e foi solta, em 2018, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (DRS) Piagaçu-Purus, no município de Anori, a 173 quilômetros da capital amazonense.

O novo filhote dessa espécie ameaçada de extinção é o principal indicador do sucesso do  Programa de Reintrodução de Peixes-bois da Amazônia, patrocinado pela Petrobras e executado pelo Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, da Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) em parceria com o Inpa, via Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA). Conta ainda com o apoio da Universidade de Quioto (Japão), Itochu, Aquário de São Paulo e Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amazonas (Sema).

Para a líder do LMA do Inpa, a pesquisadora Vera da Silva, a confirmação da gravidez da fêmea Baré, que foi resgatada, reabilitada e reintroduzida à natureza, é uma prova viva de que os procedimentos adotados pela equipe estão corretos e dando certo. 

“Esta gravidez mostra que o animal está bem, adaptado e integrado nessa população de peixes-bois. Isso para nós é uma grande satisfação, e é mais uma etapa na garantia da conservação dos peixes-bois da Amazônia”, disse a pesquisadora.

De acordo com o coordenador do Programa de Reintrodução de Peixes-bois da Amazônia, o biólogo Diogo Souza, o filhote deve nascer até junho, período de enchente do rio Purus. A reprodução da espécie está associada ao ciclo hidrológico da Amazônia. O pico de nascimento ocorre depois que as águas sobem, quando há maior abundância de alimentos. Na natureza, o animal herbívoro se alimenta de plantas aquáticas, como capim membeca, mureru e capim-navalha. Em cativeiro, verduras complementam a dieta dos animais.

 “Nossa equipe e os moradores das comunidades da Reserva ficaram bem felizes com a gravidez da Baré. Isso dá ânimo para continuar com este trabalho, que é árduo e complexo, mas que atende a uma causa tão nobre”, explicou o biólogo.

A detecção da gravidez aconteceu após captura de Baré, ocorrida em novembro, durante a vazante do rio Purus. A ação de monitoramento aconteceu 200 dias após a soltura de 12 animais reabilitados e levados de volta à natureza, considerada a maior reintrodução de peixes-bois da Amazônia da história do país. A equipe  fez a biometria e verificou que desde a soltura, a fêmea Baré cresceu 11 centímetros e ganhou aproximadamente 130 quilos. A gravidez foi confirmada com  análise das amostras de sangue.

O Inpa atua com pesquisas e ações de conservação para o peixe-boi há mais de 40 anos. Em 2008, o Inpa implantou o Programa de Reintrodução de Peixe-bois da Amazônia, que em abril fará mais uma soltura na Reserva Piagaçu-Purus, desta vez com dez animais.

*Com informações da assessoria