Perverso, covarde, o abuso sexual de crianças e adolescentes está sendo discutido em horário nobre, na novela O Outro Lado do Paraíso, das 21h, da Globo, com o drama da jovem Laura (Bella Piero), que foi molestada pelo padrasto na infância, quanto tinha 8 anos.
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“Não foi uma nem duas vezes, foram várias…”, contou a angustiada personagem, entre lágrimas, revelando uma das facetas do crime: em grande parte dos casos, a agressão acontece mais de uma vez. Entre 2011 e 2016, o Brasil registrou mais de 32 mil casos de estupro de garotas entre 10 e 14 anos – 1.875 delas acabaram engravidando de seus algozes. Não se sabe quantas dessas gestações foram até o fim.
Mas o fato é que meninas que tiveram a infância usurpada pelo abuso sexual, além de lidar com as consequências do trauma, como a depressão, descobriram que carregavam no ventre um fruto da dor. Na maioria dos casos (68,5%), o autor da violência que resultou em gravidez foi um parente ou alguém em quem a vítima confiava.
No mesmo período (entre 2011 e 2016), 16.680 adolescentes entre 15 e 19 anos foram estupradas. Embora o número seja menor do que os de vítimas de violência sexual até 14 anos, a quantidade de casos em que a agressão resultou em gravidez foi maior: 2.387.
Os números são da pesquisa “Estupro e gravidez de adolescentes no Brasil: características e implicações na saúde gestacional, no parto e no nascimento”, coordenada por Maria de Fátima Marinho, diretora do Departamento de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde, do Ministério da Saúde.
Os dados servem como base para a formulação de políticas para enfrentar o problema, mas sabe-se que são aquém da realidade.
(*) Com informações do Projeto Colabora
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