Manaus, 20 de abril de 2024
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Cidades

Cientistas alertam para 3ª onda da covid-19 no AM: ‘prevemos um resultado ainda pior’

Para evitar uma terceira onda de covid-19 no Amazonas, o biólogo do Inpa, Lucas Ferrante, propôs um lockdowm de 20 dias

Cientistas alertam para 3ª onda da covid-19 no AM: ‘prevemos um resultado ainda pior’

(Foto: Mister Shadow/Estadão Conteúdo)

Em meio à segunda onda da covid-19 que o Amazonas enfrenta, cientistas já alertam sobre uma possível terceira onda, com a possibilidade de novas mutações do coronavírus que podem torná-lo resistente às vacinas.

“Nós já tínhamos avisado sobre a segunda onda de covid-19, desde agosto do ano passado, através de uma publicação científica na revista Nature Medicine, não fomos ouvidos e o resultado foi catastrófico. Agora, nós prevemos um resultado ainda pior do que a segunda onda, onde se esse vírus continuar circulando, pode sofrer novas mutações se tornando resistente às vacinas de mercado”, afirma o biólogo Lucas Ferrante.

Ferrante é mestre em Biologia e doutorando do Programa de Biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Ele foi responsável pelo artigo “Políticas do Brasil condenam a Amazônia a uma segunda onda de covid-19”, que previu o colapso na saúde do Amazonas.

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O cientista Lucas Ferrante foi o responsável pelo estudo que previu a segunda onda no Amazonas (Foto: Reprodução/ IHU)

O artigo também foi assinado por Luiz Henrique Duczmall, professor do Departamento de Estatística do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Unaí Tupinambás, docente de Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG; Alexandre Almeida, da Universidade Federal de João del-Rei (UFSJ) e Ruth Camargo Vassão, do Instituto Butantan.

Assinam também Philip Martin Fearnside, do Inpa, Wilhelm Alexander Steinmetz e Jeremias Leão, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

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Segundo Ferrante, “Manaus deve sofrer uma terceira onda de covid-19, se medidas mais restritivas não forem aplicadas imediatamente”. O cientista propõe que seja feito um lockdown de mais de 90% para a população de Manaus, com duração de 20 dias a um mês.

Para ele, a medida extrema deve ser acompanhada da extensão do auxílio emergencial e da vacinação em massa de pelo menos 70% da população, nos próximos três meses.

Megaepidemia no Brasil

O cientista alega, também, que  a aplicação do lockdown deve ser acompanhada da suspensão das viagens no estado. “É extremamente importante que o estado do Amazonas cesse o transporte interestadual e intermunicipal pra [sic] que essa nova variante não continue se disseminando para outros estados e para outros municípios”, disse.

A medida também é apoiada pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que recentemente, em entrevista a TV Cultura, falou sobre uma megaepidemia no país.

“O mundo inteiro está fechando os voos para o Brasil e o Brasil está, não só aberto normalmente, como está retirando pacientes de Manaus e mandando para Goiás, mandando para a Bahia, mandando para outros lugares, sem fazer os bloqueios de biossegurança. Provavelmente, a gente vai plantar essa cepa em todos os territórios da Federação e, daqui a 60 dias, a gente pode ter uma megaepidemia”, disse Mandetta.

O alerta foi feito porque, mesmo com a saúde em colapso, Manaus permanece com o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, de portas abertas. E enquanto Alemanha, Portugal, Colômbia e Turquia suspenderam voos para o Brasil por conta da nova variante do coronavírus, em território nacional, não há restrições para de voos.

Respostas

Diante do alerta, o Portal AM1 procurou a Prefeitura de Manaus e o Governo do Estado do Amazonas para saber qual o posicionamento das autoridades. Em nota, a prefeitura informou que “está em constante monitoramento dos casos de Covid-19 na cidade para discutir novas medidas que possam ser tomadas. Vale destacar que o combate à covid-19 é uma das prioridades da gestão David Almeida”.

Já o Governo do Amazonas informou “que, desde o início de janeiro vem adotando medidas de restrição, com decreto em vigor, para frear a transmissão do novo coronavírus no Estado. Com isso, já foi possível observar uma estabilização no número de casos e internações nos últimos 15 dias, mesmo que o Estado ainda esteja em fase de atenção em relação à pandemia”.

A nota diz, ainda, que segundo a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS) “não existem parâmetros técnicos que permitam antecipar a ocorrência de um novo pico de infeções pelo novo coronavírus”.

Confira as notas na íntegra: