Manaus, 28 de abril de 2024
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Brasil

Comissão investiga participação de neonazistas em ataques a escolas

Poder Público deve investigar articulações entre a onda de ataques a escolas e a atuação de grupos neonazistas, aponta a Comissão de Educação

Comissão investiga participação de neonazistas em ataques a escolas

Comissão de Educação debateu as diretrizes para garantir a segurança nas escolas (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

Brasília (DF) – A Comissão de Educação (CE) debateu nesta sexta-feira (5), no Senado, junto a especialistas, as diretrizes para garantir a segurança nas escolas. Do encontro veio o alerta de que sociedade civil, o governo e as plataformas digitais precisam determinar formas efetivas de combater a disseminação do discurso de ódio que fomenta a explosão de violência no ambiente escolar.

Para a presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz, o poder público, incluindo as forças repressivas, precisam investigar articulações entre a onda de ataques recentes, que vitimaram alunos e professores, com a atuação de grupos neonazistas no submundo da internet.

“Não podemos desvincular a disseminação do discurso do ódio que tem havido nos últimos anos, com o resultado concreto que temos visto, que são grupos supremacistas articulados na internet e nas plataformas, ou na deepweb, e organizam esses ataques. Além da vigilância na internet e nas redes sociais, é preciso ver que é um problema político também, como a onda de ataques e ameaças que houve em abril. Não são casos isolados, é preciso uma investigação mais profunda para detectar as ligações desses grupos que fazem ataques e ameaças, com grupos armamentistas e do que a sociedade convencionou chamar “gabinete do ódio”, disse Jade.

Reforço das estratégias

Tanto ela, como a senadora Teresa Leitão (PT-PE), que conduziu a audiência, disseram que são contra a presença de seguranças armados ou políticas de vigilância excessiva no ambiente escolar, por intenderem que este tipo de ação fere o caráter pedagógico e inclusivo que as escolas devem ter. Ambas defenderam o reforço de estratégias que valorizem a diversidade cultural e o combate ao racismo e à discriminação de grupos sociais, a exemplo de indígenas e LGBTI+, como estratégias mais eficazes para a cultura de paz nas escolas.

O secretário de Políticas Digitais da Presidência da República, João Caldeira Brant, alertou para a forma com que grupos neonazistas utilizam a internet na atração de jovens seguidores.

“O cenário é muito grave, porque a sociedade não se dá conta do impacto do ambiente de sociabilidade digital de crianças e adolescentes, o que é perpassado inclusive pelo modelo de negócio das plataformas. Há um reforço do ambiente de promoção da violência e do ódio na captura de subjetividades. A extrema-direita organizada no Brasil, inclusive grupos neonazistas, tem usado dinâmicas quase lúdicas desse ambiente na atração de novos seguidores”, afirmou.

A professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Catarina Santos disse que as políticas públicas também precisam reforçar a educação digital. Não só para os estudantes, mas para a sociedade na totalidade.

É preciso um processo de formação crítica para as mídias. Não só pelo controle do que chega às redes, mas pela formação crítica da sociedade para não veicular, não compartilhe os absurdos que estão nas redes. Grande parte do pânico que houve em abril não tinha a ver com ameaças reais, mas com um projeto articulado de produção do pânico.

A representante do Ministério da Saúde, Kátia Barreto Souto, afirmou que o quadro atual de violência no ambiente escolar reflete a violência social que marca o Brasil.

Ela faz parte do grupo interministerial criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para propor ações de enfrentamento à violência e promover a cultura da paz nas escolas.

 (*) Com informações da Agência Senado

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