Manaus, 10 de fevereiro de 2025
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Manaus, 10 de fevereiro de 2025

Cidades

Convênio de quase R$ 1 milhão ampliará atendimento à saúde de servidores penitenciários no AM

De acordo com o documento, o período de vigência do convênio será de 31 de dezembro de 2024 a 31 de dezembro de 2026.

Convênio de quase R$ 1 milhão ampliará atendimento à saúde de servidores penitenciários no AM

(Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil - ABR)

Manaus (AM) – O Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP) do Amazonas, firmou um convênio de R$ 984 mil para a implementação e ampliação do Núcleo de Atenção à Saúde do Servidor Penitenciário (NASSP) no estado, beneficiando diretamente os servidores penitenciários do Amazonas.

O convênio, publicado no Diário Oficial da União (DOU) na terça-feira (14), detalha a divisão dos recursos em três parcelas: R$ 86.176,12, R$ 357.436,09 e R$ 540 mil.

Segundo o documento, o período de vigência do convênio será de 31 de dezembro de 2024 a 31 de dezembro de 2026. A medida representa uma ação conjunta entre os governos federal e estadual para investir em infraestrutura e serviços voltados à saúde e ao bem-estar dos servidores penitenciários, considerados fundamentais para o bom funcionamento do sistema prisional.

O repasse será feito pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, enquanto a execução ficará a cargo da SEAP, liderada pelo secretário Paulo Cesar Gomes de Oliveira Junior.

Saúde Mental

Na pesquisa “Cenários da saúde física e mental dos servidores do sistema penitenciário brasileiro”, publicada em 2023 e conduzida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em parceria com o Ministério da Saúde, foram ouvidas 22.752 pessoas. O levantamento revelou que 20,6% dos agentes penitenciários entrevistados relataram diagnóstico de transtorno de ansiedade, 10,7% disseram ter depressão e 4,2% afirmaram sofrer de transtorno de pânico.

Diante desses dados, o Portal AM1 conversou com o psicólogo clínico Ricardo Robério para entender a importância e o impacto da saúde mental na rotina dos agentes penitenciários. Um dos principais pontos abordados foi o enfrentamento dos desafios emocionais impostos pelo ambiente de trabalho.

“Um dos principais desafios emocionais que os agentes enfrentam nesse contexto hostil é o medo, lidar com a insegurança e a vulnerabilidade, além da exposição ao risco por fatores como o estresse dos presos”, afirmou Ricardo ao AM1.

O psicólogo defendeu a implementação de medidas preventivas, como rodas de conversa e espaços de escuta psicológica nas unidades prisionais.

“Para prevenir o desgaste mental desses profissionais e melhorar o ambiente de trabalho, seria fundamental criar esses espaços dentro das cadeias. Isso promove acolhimento e humanização, permitindo que os agentes se sintam mais concentrados e conscientes de suas funções”, explicou.

Ricardo Robério enfatizou a importância de reconhecer a humanidade das pessoas que atuam no sistema prisional, destacando que os agentes penitenciários desempenham funções que exigem alta atenção e enfrentam pressões significativas em seu cotidiano.

Ele aponta que a inclusão de medidas voltadas à saúde mental no ambiente de trabalho não apenas beneficia os profissionais, mas também promove impactos positivos para o sistema como um todo, ao garantir que os agentes estejam em melhores condições psicológicas para exercer suas responsabilidades.

“A saúde mental influencia diretamente o ambiente prisional, tornando o espaço mais leve, mesmo diante de uma rotina desafiadora. Trata-se de um trabalho que exige preparo psicológico, e iniciativas como essas ajudam o agente a encontrar propósito em suas atividades, além de aliviar o desgaste e a sobrecarga”, concluiu o especialista.

Segundo o especialista, buscar apoio para a saúde mental não deve ser encarado como sinal de fraqueza, mas sim como demonstração de sabedoria, humanidade e cuidado. Ele reforça a necessidade de ações que considerem o peso emocional do trabalho desses profissionais, destacando que proporcionar suporte psicológico é essencial para manter a saúde e a eficiência dos agentes diante das exigências do ambiente prisional.

 

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