Na manhã desta quinta-feira (11), durante entrevista coletiva para apresentar um balanço dos cem primeiros dias de sua gestão, o governador Amazonino Mendes (PDT) fez declarações desastrosas. O governador associou a vinda de pessoas do interior para a capital ao aumento da criminalidade e que os secretários de Estado podem se corromper se não tiverem um aumento nos salários, hoje de R$ 13 mil. Confira:
“É hipocrisia querer administrar com um secretário ganhando, líquido, R$ 13 mil por mês. Não quero ladrões no meu governo”
O governador afirmou que, para evitar que os secretários de Estado se tornem corruptos, o salário deles serão reajustados. “É hipocrisia querer administrar com o secretário ganhando, líquido, R$ 13 mil por mês. Eu vou aumentar. Eu não quero ladrões no meu governo. Eu quero que as pessoas vivam com dignidade e decência”.
O problema na afirmação do governador é que a corrupção não está associada aos salários, mas ao caráter das pessoas. Se o governador estivesse certo na sua colocação, todos os servidores públicos que ganhem menos de R$ 13 mil estariam autorizados a roubar.
Um professor da rede estadual de ensino, por exemplo, ganha em média R$ 1,6 mil por cadeira.
“Temos que fazer com que o povo fique fixado no interior para não criar mais problemas em Manaus. O Bosco vai enlouquecer com tanto problema de segurança”
A afirmação do governador desrespeita as pessoas que moram nos outros 61 municípios do Amazonas, como se a vinda deles obrigatoriamente significasse um aumento na criminalidade. Na fala do governador, o homem e a mulher do interior vêm para Manaus para entrar no mundo do crime ou gerar outros problemas.
“É notável o acerto inicial na escolha dos secretários”
Eleito para um mandato tampão de 14 meses, Amazonino já trocou cinco secretários de Estado com apenas três meses no cargo. Apesar disso, afirmou que a troca no comando das pastas é normal, ignorando o tempo necessário para cada secretário que assume uma pasta diante da necessidade de ações urgentes.
“É uma coisa muito natural em qualquer governo. O governo até que está se mantendo integrado. Eu acho que é notável o acerto inicial na escolha dos secretários”, disse.
“Elas (cooperativas médicas) é que fazem a saúde pública”
Ao comentar a repactuação de contratos na área da saúde, o governador afirmou que a saúde pública no Amazonas é refém das cooperativas. “Há cinco meses, até outubro, não se pagava as cooperativas médicas. Elas é que fazem a saúde pública. Se tirá-las, o avião cai”.
Neste caso, o avião a que se refere Amazonino é uma metáfora feita antes dessa frase, ao comparar a saúde pública com uma aeronave.
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