MANAUS, AM – A educação indígena tem sido uma tarefa difícil durante a pandemia. No Amazonas, há cerca de 265 aldeias espalhadas e, levar educação de qualidade para essas regiões, tem sido um verdadeiro desafio para os educadores.
Com a chegada da pandemia da covid-19 no Brasil, o sistema educacional precisou adotar o método de aulas em EaD (Educação a distância), porém, nem todos as regiões do Amazonas têm acesso à internet.
Dificuldades enfrentadas na educação indígena
O vice-presidente do Conselho de Educação Indígena, Emilson Manduruku, afirmou que o órgão é normativo e responsável pela fiscalização, análises e criação de resoluções a respeito da educação indígena. O Amazonas é o único estado com um conselho voltado para a educação dos povos indígenas.
Emilson informou ao Portal Amazonas 1 que a pandemia da covid-19 foi um baque que deixou as estruturas de todo o mundo complicadas. O vice-presidente explicou que a educação indígena funciona como uma junção das políticas públicas oferecidas pelo Estado, mais as questões tradicionais dos índios.
“A educação indígena sempre foi secular. Ela é aquela educação que passa de pai para filho. A criança aprende no cotidiano. Seja pescando, caçando, observando ou vivenciando. E temos aquela mais estrutural do Estado, que é aquela educação de políticas públicas, dos prédios escolares com estruturas físicas necessárias e também com estruturas pedagógicas montadas pelo sistema, pelo Estado, para oferecer educação escolar e a gente inclui educação escolar dos indígenas”, contou.
Segundo Emilson, as condições eram difíceis, porém, a situação hoje em dia está pior e muitos alunos estão sendo prejudicados.
“As dependências das tecnologias eram menores e as escolas funcionavam de forma precária”, contou ao Portal AM1.
Para ele, a questão de aulas remotas foi prejudicial para os estudantes indígenas, isso porque eles acabaram perdendo o ano letivo. Pretendendo suprir um ano perdido, o governo estadual resolveu adaptar o calendário escolar de 2021 para dois em um.
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Para o gestor da Escola Estadual Indígena Laranjal Borba, Raimundo Antônio Assan dos Santos, essa divisão será mais prejudicial para os alunos aldeados.
“Acredito que isso é uma questão burocrática para simplesmente cumprir o sistema. Entre os alunos aldeados, existem vários fatores que influenciam. O transporte escolar é um deles, mesmo em anos normais, deixaram muito a desejar imagina em um ano como o que estamos parando. Falta de contratação de profissionais” [frase solta] , falou Raimundo.
O gestor destacou que a pandemia prejudicou muitos os alunos, alguns chegaram a desistir de estudar devido à demora no retorno das aulas.
“O maior impacto nas aldeias para os alunos foi o isolamento. Eles estão acostumados a transitar entre as aldeias. Na educação, acontece que muitos alunos vieram a evadir por conta da demora da volta às aulas”, relatou ao Portal AM1.
Um gesto que muda uma vida
Raimundo e alguns professores decidiram ir até as aldeias para levar trabalhos para os estudantes e que isso tem tido um resultado positivo. Essa atitude tem feito com que muitos alunos não desistam de estudar.
“A escola, junto com o gestor e os professores, está empenhada, levando trabalhos para os alunos nas aldeias. Isso acontece toda semana, evitando que esses alunos não venham a evadir. Na maioria das escolas indígenas, faltam educadores”, contou o gestor. Ele ainda ressaltou que a atitude de levar atividades ate as aldeias está sendo bem eficaz e positiva para evitar a evasão escola e a desistência.
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