Manaus, 19 de abril de 2024
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Cenário

Em Manaus, David Almeida ‘esquece’ ciclovias e grafismos começam a sumir

Prefeito empenhou mais de R$ 34 milhões para comprar tintas; enquanto isso, as ciclovias são esquecidas, trazendo insegurança para quem usa

Em Manaus, David Almeida ‘esquece’ ciclovias e grafismos começam a sumir

Ciclovias estão esquecidas e são diariamente violadas por motoristas. Foto: Márcio Silva/Amazonas1

MANAUS, AM – Não é segredo para ninguém que, logo no início da sua gestão, o prefeito David Almeida (Avante) empenhou mais de R$ 34 milhões para comprar tintas e pintar a cidade com a nova identidade visual da Prefeitura de Manaus. No entanto, as pinturas com a “nova cara” já estão descascando, e enquanto David pintava as calçadas, outro problema ainda mais importante ficou para trás: as ciclovias.

Em Manaus, conforme dados do site Ciclomapa, só existem 19 quilômetros de vias para ciclistas, sendo nove quilômetros de ciclovias e 10 de ciclofaixas.

As poucas que já existem dividem espaço com pedestres, carros e até mesmo ônibus. Já em outras, há buracos ou postes no meio, falta sinalização, e onde deveria ser uma ciclovia sinalizada, não existe mais nem a faixa.

Leia mais: Falta de ciclovias e ciclofaixas em Manaus prejudica mobilidade urbana

Casos como esses foram vistos, por exemplo, na ciclovia e ciclofaixas do Boulevard Álvaro Maia, na Zona Sul; na avenida Governador José Lindoso (das Torres), que liga as zonas Leste e Norte; na avenida Brasil, na Zona Oeste, e em outros pontos da cidade. No Complexo Turístico da Ponta Negra, principal cartão-postal da capital, a situação é a mesma que se vê em outros pontos. Carros e ônibus invadem as áreas destinadas às ciclofaixas, causando riscos de acidentes e até mesmo de morte para os ciclistas.

Ciclovias
Foto: Márcio Silva/Amazonas1

As ciclovias são espaços destinados apenas ao fluxo de bicicletas e ciclistas, que contam com separações físicas e isolam os ciclistas dos demais veículos e pedestres. Já as ciclofaixas, não têm separações físicas e possuem apenas faixas pintadas no chão. 

Risco de morte

O risco de morte, inclusive, não é algo novo. No dia 31 de agosto deste ano, o ciclista Saulo Alves Ferreira, de 33 anos, morreu após ter sido atropelado por um ônibus na avenida Brasil, na Zona Oeste. O acidente aconteceu no dia 13 de agosto, e Saulo passou cerca de três semanas internado no Hospital e Pronto Socorro Dr. João Lúcio Pereira Machado, na Zona Leste.

O servidor público Everton Fábio, de 43 anos de idade, diz que já passou diversas dificuldades enquanto pedalava pelas ruas de Manaus. Ele conta que anda de bicicleta desde que era adolescente e diz que em todos os pontos onde passa, não há respeito com a figura do ciclista, e muito menos existe uma sinalização decente para que eles possam trafegar em segurança.

Everton Fábio trafega diariamente pela avenida do Turismo e pela Ponta Negra. Foto: Márcio Silva/Amazonas1

“Eu costumo andar pela avenida do Turismo [AM-450], e em uma das últimas vezes que eu andei, um caminhão cheio de areia passou do meu lado e quase me atropela. A via não tem sinalização nenhuma, o que faz muita falta para nós que trafegamos por essas vias”, salientou.

Já o empresário Lucas Lima, de 21 anos, usa a bicicleta há pelo menos um ano para fazer atividades físicas. No entanto, as atividades acabam sendo colocadas em risco pela falta de segurança que existe nas ciclovias. “Teve um domingo, às 6h da manhã, em que eu estava treinando com meus amigos, e simplesmente um motorista jogou o carro para cima da gente. Se não tivéssemos desviado, muitos de nós, incluindo eu, teríamos morrido”, apontou.

Falta de investimento

Everton Fábio diz que falta a prefeitura investir mais no trânsito, principalmente na estrutura das ciclovias, como a sinalização. “A bicicleta, além de ser um veículo que não polui, traz saúde e qualidade de vida. Creio que é muito importante que a prefeitura invista nesse modal, e se eles olhassem por esse ponto, seria muito importante”, ressaltou.

Já Lima, diz que é preciso uma infraestrutura de qualidade, com uma engenharia que, de fato, atenda às necessidades de quem usa as duas rodas. “A prefeitura precisa fazer, com urgência, um investimento de qualidade, e não apenas despejar uma grande quantidade de verbas, para que o ciclista tenha maior segurança e não fique à mercê de acidentes”.

Motos e carros invadem as ciclofaixas constantemente no Boulevard Álvaro Maia. Foto: Márcio Silva/Amazonas1

Planejamento

Em nota, o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) informou que já tem um planejamento para aplicar ciclovias e ciclorrotas – infraestruturas cicloviárias definidas por caminhos calmos e com pouco tráfego automotor, já existentes e usados comumente por ciclistas- em vias que já foram recapeadas pela Prefeitura de Manaus. A pasta também informou que já levantou as vias e pontos para aplicar novas pinturas e sinalizações, e que já existe um projeto físico para revitalizar as que já existem.

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